A injustiça é sentida muito mais profundamente em tempos de dificuldades. Aquilo que não tinha importância nenhuma quando estávamos a prosperar pode hoje assumir dimensões provocadoras de grande revolta e instabilidade social.
A injustiça é sentida muito mais profundamente em tempos de dificuldades. Aquilo que não tinha importância nenhuma quando estávamos a prosperar pode hoje assumir dimensões provocadoras de grande revolta e instabilidade social. É preciso estar atento e não varrer tudo de forma displicente para o universo da demagogia ou da cabala.
"Os problemas do país são o desemprego e o investimento e não o Sr. Louçã" com quem o primeiro-ministro "está obcecado". As palavras são de Alexandre Soares dos Santos, um empresário, dos poucos que temos, que tem manifestado nas suas diversas intervenções públicas uma real preocupação com o país, quer pelo diz como pelo que faz.
Mas é exactamente porque há meio milhão de portugueses no desemprego e muitos outros com medo de ficarem sem o emprego ou de ganharem menos que tudo o que assume no país a mais pequena imagem de favorecimento e discricionariedade é violentamente sentido como injusto e revoltante.
É extremamente difícil para um empresário, que todos os dias luta para manter empregos e pagar dívidas, ou para uma família, que conta os tostões para manter a prestação da casa e do carro em dia, aceitar e compreender a operação da Caixa Geral de Depósitos com Manuel Fino da Cimpor.
E descobrir que a CGD afinal empresta dinheiro para se comprarem acções BCP.
É extremamente difícil ninguém revoltar-se quando por acaso sabe que foi nomeado mais um militante do partido no poder com qualificações discutíveis para assumir um cargo num qualquer instituto, onde ganha bem, tem direito a carro e muitos outras regalias.
É extremamente difícil conhecer mordomias de "colocados pelo partido" e manter o espírito de missão que se exige a um magistrado a trabalhar sem condições mínimas, sem sequer direito a quem o apoie em trabalhos administrativos. Ou a um polícia que soma à falta de condições de trabalho, um salário relativamente baixo e o risco de vida.
É extremamente difícil conciliar a conta da luz com os lucros da EDP, por muitas explicações que existam mas que são sempre demasiado sofisticadas para qualquer pessoa entender.
É extremamente difícil compreender porque é que depois de tudo o que já se sabe dos casos BPN e BPP, exista só uma pessoa presa. Como é muito difícil para os clientes do BPP, que estavam convencidos ter feito um simples depósito, compreenderem como estava aquele banco autorizado a funcionar e porque quer agora o Estado eximir-se das suas responsabilidades, impondo que eles desistam dos seus direitos. Porque não disse também o Governo aos clientes do BCP e BPN para irem para tribunal?
É extremamente difícil compatibilizar a inevitabilidade de ser despedido ou de aceitar a redução do salário com o anúncio de que algumas empresas estão a distribuir mais lucros pelos seus accionistas.
São pequenos pormenores que não teriam importância nenhuma se todos estivéssemos confiantes no nosso futuro. Nestes momentos difíceis cada pequena incongruência assume a dimensão de uma brutal injustiça, sentida com raiva.
Acusar quem está a perceber o sentir do povo, que somos todos nós, de estar a ser demagógico é não entender o que se está a passar e é alimentar o sentimento de injustiça e de revolta contra os poderes. É esse sentir que Jerónimo de Sousa e Francisco Louça estão a compreender e, mal ou bem, usam para ganhar votos. Não são demagógicos, percebem e sentem o que se passa, enquanto outros não o querem compreender na tentativa de, com o poder que têm, manterem as suas regalias.
O actual momento é extremamente perigoso para Portugal e para a Europa. O diabo está nos detalhes, sempre e com consequências que podem ser graves nos tempos que estamos a viver. Atirar com acusações de demagogia apenas pode agravar o problema.
"Os problemas do país são o desemprego e o investimento e não o Sr. Louçã" com quem o primeiro-ministro "está obcecado". As palavras são de Alexandre Soares dos Santos, um empresário, dos poucos que temos, que tem manifestado nas suas diversas intervenções públicas uma real preocupação com o país, quer pelo diz como pelo que faz.
Mas é exactamente porque há meio milhão de portugueses no desemprego e muitos outros com medo de ficarem sem o emprego ou de ganharem menos que tudo o que assume no país a mais pequena imagem de favorecimento e discricionariedade é violentamente sentido como injusto e revoltante.
É extremamente difícil para um empresário, que todos os dias luta para manter empregos e pagar dívidas, ou para uma família, que conta os tostões para manter a prestação da casa e do carro em dia, aceitar e compreender a operação da Caixa Geral de Depósitos com Manuel Fino da Cimpor.
E descobrir que a CGD afinal empresta dinheiro para se comprarem acções BCP.
É extremamente difícil ninguém revoltar-se quando por acaso sabe que foi nomeado mais um militante do partido no poder com qualificações discutíveis para assumir um cargo num qualquer instituto, onde ganha bem, tem direito a carro e muitos outras regalias.
É extremamente difícil conhecer mordomias de "colocados pelo partido" e manter o espírito de missão que se exige a um magistrado a trabalhar sem condições mínimas, sem sequer direito a quem o apoie em trabalhos administrativos. Ou a um polícia que soma à falta de condições de trabalho, um salário relativamente baixo e o risco de vida.
É extremamente difícil conciliar a conta da luz com os lucros da EDP, por muitas explicações que existam mas que são sempre demasiado sofisticadas para qualquer pessoa entender.
É extremamente difícil compreender porque é que depois de tudo o que já se sabe dos casos BPN e BPP, exista só uma pessoa presa. Como é muito difícil para os clientes do BPP, que estavam convencidos ter feito um simples depósito, compreenderem como estava aquele banco autorizado a funcionar e porque quer agora o Estado eximir-se das suas responsabilidades, impondo que eles desistam dos seus direitos. Porque não disse também o Governo aos clientes do BCP e BPN para irem para tribunal?
É extremamente difícil compatibilizar a inevitabilidade de ser despedido ou de aceitar a redução do salário com o anúncio de que algumas empresas estão a distribuir mais lucros pelos seus accionistas.
São pequenos pormenores que não teriam importância nenhuma se todos estivéssemos confiantes no nosso futuro. Nestes momentos difíceis cada pequena incongruência assume a dimensão de uma brutal injustiça, sentida com raiva.
Acusar quem está a perceber o sentir do povo, que somos todos nós, de estar a ser demagógico é não entender o que se está a passar e é alimentar o sentimento de injustiça e de revolta contra os poderes. É esse sentir que Jerónimo de Sousa e Francisco Louça estão a compreender e, mal ou bem, usam para ganhar votos. Não são demagógicos, percebem e sentem o que se passa, enquanto outros não o querem compreender na tentativa de, com o poder que têm, manterem as suas regalias.
O actual momento é extremamente perigoso para Portugal e para a Europa. O diabo está nos detalhes, sempre e com consequências que podem ser graves nos tempos que estamos a viver. Atirar com acusações de demagogia apenas pode agravar o problema.
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