Vivemos num barril de pólvora e, independentemente das nossas pessoais depressões e das pequenas angústias quotidianas que nos assaltam, parece não atentarmos, com seriedade, na natureza do problema. A nova crise do capitalismo agudiza-se sem complacência, e os seus turiferários não param de o elogiar.
Inexiste um estudo profundo e rigoroso esclarecedor do "estado a que isto chegou." Entrou-se, de novo, nos territórios da "banalidade do mal", extensivo a todos os sectores (sem excepção) das sociedades.
Hannah Arendt referia-se às características maléficas dos totalitarismos, e sobre o assunto escreveu, pelo menos, dois magnos tratados. Judia, antinazifascista e campeã da causa da liberdade, foi, ela própria, um exemplo da "contradição elementar": amantizou-se com Heiddegger, seu professor, membro activo no partido nazi – e um dos maiores filósofos de sempre.
É evidente que o capitalismo está em acentuado declive; mas daí até ao seu fim vai uma imponderável distância. Essa evidência arrasta consigo outra evidência: não surge nenhuma alternativa e, aliás, ninguém manifesta o mais ténue interesse em combatê-lo, a não ser em termos de retórica. Essa retórica, porém, não ultrapassa os seus limites e é cediça, anacrónica, baseada nas linhas tradicionais dos finais do século XIX.
A "banalidade do mal" também advém dessa preguiça mental e dessa inércia especulativa que não consegue ser o que Marx desejava: ser dialéctica. Já dois homens de Direita, Raymond Aron e Jean-François Revel, assinalaram o vácuo filosófico e a deficiente interpretação dos textos do autor da "Crítica do Programa de Gotha". Tanto Aron quanto Revel, com o rolar dos anos, resvalaram para um reaccionarismo sem saída. Hoje, são relíquias que os movimentos mais retrógrados vão recuperar no sótão das velharias.
A Esquerda não expõe alternativas à crise, e a Direita, como seu reflexo, é um realejo de remotos autores. Com a queda do Muro de Berlim, tanto a Esquerda como a Direita ficaram desempregadas. E, para "salvar" o capitalismo, os governos (responsáveis pelo descalabro) recorrem às nacionalizações, expediente do breviário socialista.
A verdade é que não se vêem soluções à vista. A génese da crise é diversa, confusa e, até agora, inexplicável. A tempestade que varreu, mundialmente, o mundo da finança não tem uma só origem. E como ninguém sabe, rigorosamente, onde está o busílis, também ninguém conhece o remédio para a cura. As decisões até hoje tomadas são meramente ocasionais, o que alimenta a tragédia do desemprego generalizado e, por consequência, a previsível agitação social, cujas consequências são imponderáveis.
Não digamos que tudo está em aberto: na realidade, tudo parece hermeticamente fechado. Nenhum governo se atreve a formular o mais ténue discurso optimista, pelo contrário: carregam na nota e advertem-nos de que temos de fazer sacrifícios inauditos. "Este será o pior ano para a economia, desde o final da Segunda Guerra Mundial", esclarecem graves instituições internacionais.
Este torpor, esta angústia levam-nos a esquecer o genocídio e o latrocínio que, há décadas, varrem a África. E a postergar a tragédia do conflito Israelo-Palestiniano. Porém, as coisas estão todas ligadas. A natureza do sistema é de molde a desconhecer regras, postulados, normas, valores e princípios. Quando o Papa fala na carência de padrões morais, ele passa ao lado do que explica essa carência. A ganância e o lucro pelo lucro são absolutamente imorais. Mas é isso que acontece. Mesmo numa época como esta, terrível e mortífera, nem a ganância nem o lucro pelo lucro se atenuam.
Resistir é uma forma de combater, há quem diga. Eu também acreditei. Todavia, as formas repressivas e os métodos de perseguição subtilizaram-se. O patronato dispõe de um poder que parecia controlado desde a Segunda Guerra Mundial. E esse poder sobrepôs-se à política e aos governos, com a beatífica subordinação dos partidos ditos "socialistas" e "social-democratas."
A humanidade já viveu piores dias e nunca se deixou soçobrar. É verdade. Nessas alturas, contudo, havia sinais de esperança, e os partidos de Esquerda impunham padrões de comportamento social que eram seguidos pela Direita. A traição, a subserviência da Esquerda causaram a ressurreição do monstro. A imensa lista de banalidades, de corrupções de toda a ordem e de todos os moldes, a ausência de carácter e de grandeza nas relações com os outros, o medo de se perder o emprego, a aceitação de todas as prepotências levaram ao estado de coisas em que nos encontramos.
Viver em Portugal é perigosíssimo, escrevi, há dias. Não dispomos de protecção e somos constantemente atacados por uma frente inclemente e gélida que põe e dispõe dos nossos destinos colectivos como se marionetas fôssemos. É claro que esta situação não pode continuar por muito mais tempo. Se os partidos nada fazem, nada querem fazer ou nada podem fazer – façamos nós, com a força oculta que possuímos e com o poder da razão. Da razão que nos assiste.
Comentário
anti
A razão pura
como sempre a doença de ontem. Mas a incapacidade de adaptação rápida às novas coordenadas na evolução global deve derivar do peixe assado e do tinto ???? A crise cíclica foi despoletada pelas autoridades monetárias nomeadas pelo poder político. De novo a intervenção estatal na subida da taxa de juros da moeda e para o dobro. Agora que já perceberam o impacto recuaram para quase ZERO. Excepto na Eurolândia onde o francês continua a estrangular a economia real. Quem trabalha e anda de carro ou fuma tem de sustentar esta gente toda que nada produz e o fisco jacking, o radar jacking, o carjacking e o tabaco tax jacking. Como dizia um rapazolas à saída de um estádio TUDO A ROUBAR. O capitalismo vai evoluir para uma nova fase muito mais poderosa agora com o G 20 mas os portugas estarão no fim da lista dos países pobres, provavelmente um dos mais pobres da europa. POBRES DE ESPÍRITO e POBRES em ACÇÃO, tudo a jogar às cartas na esplanada à conta do orçamento socialista e em casas da câmara. Já somos arrendatários da câmara inútil à qual pagamos rendas de imi de dezenas de contos mensais !!!!. Uma tristeza com total falta de objectivos excepto viver à custa dos descendentes transmitindo lhes uma dívida que já passou 150 MIL MILHÕES € para viverem com os dogmas que têm no espaço que devia ter um cérebro. Têm outra coisa nesse lugar. Este articulista então representa um sector desta sociedade tipo carbonária que despeja diariamente a diatribe da respectiva incompetência para os concidadãos. Ponham-se a trabalhar, há anos que vivem à custa do próximo. Um dia virá em que todos perceberão a burla que esta gente tentou implantar para viverem à nossa custa. A primeira medida é pôr estes zeros a pagar as contas !!!
Inexiste um estudo profundo e rigoroso esclarecedor do "estado a que isto chegou." Entrou-se, de novo, nos territórios da "banalidade do mal", extensivo a todos os sectores (sem excepção) das sociedades.
Hannah Arendt referia-se às características maléficas dos totalitarismos, e sobre o assunto escreveu, pelo menos, dois magnos tratados. Judia, antinazifascista e campeã da causa da liberdade, foi, ela própria, um exemplo da "contradição elementar": amantizou-se com Heiddegger, seu professor, membro activo no partido nazi – e um dos maiores filósofos de sempre.
É evidente que o capitalismo está em acentuado declive; mas daí até ao seu fim vai uma imponderável distância. Essa evidência arrasta consigo outra evidência: não surge nenhuma alternativa e, aliás, ninguém manifesta o mais ténue interesse em combatê-lo, a não ser em termos de retórica. Essa retórica, porém, não ultrapassa os seus limites e é cediça, anacrónica, baseada nas linhas tradicionais dos finais do século XIX.
A "banalidade do mal" também advém dessa preguiça mental e dessa inércia especulativa que não consegue ser o que Marx desejava: ser dialéctica. Já dois homens de Direita, Raymond Aron e Jean-François Revel, assinalaram o vácuo filosófico e a deficiente interpretação dos textos do autor da "Crítica do Programa de Gotha". Tanto Aron quanto Revel, com o rolar dos anos, resvalaram para um reaccionarismo sem saída. Hoje, são relíquias que os movimentos mais retrógrados vão recuperar no sótão das velharias.
A Esquerda não expõe alternativas à crise, e a Direita, como seu reflexo, é um realejo de remotos autores. Com a queda do Muro de Berlim, tanto a Esquerda como a Direita ficaram desempregadas. E, para "salvar" o capitalismo, os governos (responsáveis pelo descalabro) recorrem às nacionalizações, expediente do breviário socialista.
A verdade é que não se vêem soluções à vista. A génese da crise é diversa, confusa e, até agora, inexplicável. A tempestade que varreu, mundialmente, o mundo da finança não tem uma só origem. E como ninguém sabe, rigorosamente, onde está o busílis, também ninguém conhece o remédio para a cura. As decisões até hoje tomadas são meramente ocasionais, o que alimenta a tragédia do desemprego generalizado e, por consequência, a previsível agitação social, cujas consequências são imponderáveis.
Não digamos que tudo está em aberto: na realidade, tudo parece hermeticamente fechado. Nenhum governo se atreve a formular o mais ténue discurso optimista, pelo contrário: carregam na nota e advertem-nos de que temos de fazer sacrifícios inauditos. "Este será o pior ano para a economia, desde o final da Segunda Guerra Mundial", esclarecem graves instituições internacionais.
Este torpor, esta angústia levam-nos a esquecer o genocídio e o latrocínio que, há décadas, varrem a África. E a postergar a tragédia do conflito Israelo-Palestiniano. Porém, as coisas estão todas ligadas. A natureza do sistema é de molde a desconhecer regras, postulados, normas, valores e princípios. Quando o Papa fala na carência de padrões morais, ele passa ao lado do que explica essa carência. A ganância e o lucro pelo lucro são absolutamente imorais. Mas é isso que acontece. Mesmo numa época como esta, terrível e mortífera, nem a ganância nem o lucro pelo lucro se atenuam.
Resistir é uma forma de combater, há quem diga. Eu também acreditei. Todavia, as formas repressivas e os métodos de perseguição subtilizaram-se. O patronato dispõe de um poder que parecia controlado desde a Segunda Guerra Mundial. E esse poder sobrepôs-se à política e aos governos, com a beatífica subordinação dos partidos ditos "socialistas" e "social-democratas."
A humanidade já viveu piores dias e nunca se deixou soçobrar. É verdade. Nessas alturas, contudo, havia sinais de esperança, e os partidos de Esquerda impunham padrões de comportamento social que eram seguidos pela Direita. A traição, a subserviência da Esquerda causaram a ressurreição do monstro. A imensa lista de banalidades, de corrupções de toda a ordem e de todos os moldes, a ausência de carácter e de grandeza nas relações com os outros, o medo de se perder o emprego, a aceitação de todas as prepotências levaram ao estado de coisas em que nos encontramos.
Viver em Portugal é perigosíssimo, escrevi, há dias. Não dispomos de protecção e somos constantemente atacados por uma frente inclemente e gélida que põe e dispõe dos nossos destinos colectivos como se marionetas fôssemos. É claro que esta situação não pode continuar por muito mais tempo. Se os partidos nada fazem, nada querem fazer ou nada podem fazer – façamos nós, com a força oculta que possuímos e com o poder da razão. Da razão que nos assiste.
Comentário
anti
A razão pura
como sempre a doença de ontem. Mas a incapacidade de adaptação rápida às novas coordenadas na evolução global deve derivar do peixe assado e do tinto ???? A crise cíclica foi despoletada pelas autoridades monetárias nomeadas pelo poder político. De novo a intervenção estatal na subida da taxa de juros da moeda e para o dobro. Agora que já perceberam o impacto recuaram para quase ZERO. Excepto na Eurolândia onde o francês continua a estrangular a economia real. Quem trabalha e anda de carro ou fuma tem de sustentar esta gente toda que nada produz e o fisco jacking, o radar jacking, o carjacking e o tabaco tax jacking. Como dizia um rapazolas à saída de um estádio TUDO A ROUBAR. O capitalismo vai evoluir para uma nova fase muito mais poderosa agora com o G 20 mas os portugas estarão no fim da lista dos países pobres, provavelmente um dos mais pobres da europa. POBRES DE ESPÍRITO e POBRES em ACÇÃO, tudo a jogar às cartas na esplanada à conta do orçamento socialista e em casas da câmara. Já somos arrendatários da câmara inútil à qual pagamos rendas de imi de dezenas de contos mensais !!!!. Uma tristeza com total falta de objectivos excepto viver à custa dos descendentes transmitindo lhes uma dívida que já passou 150 MIL MILHÕES € para viverem com os dogmas que têm no espaço que devia ter um cérebro. Têm outra coisa nesse lugar. Este articulista então representa um sector desta sociedade tipo carbonária que despeja diariamente a diatribe da respectiva incompetência para os concidadãos. Ponham-se a trabalhar, há anos que vivem à custa do próximo. Um dia virá em que todos perceberão a burla que esta gente tentou implantar para viverem à nossa custa. A primeira medida é pôr estes zeros a pagar as contas !!!
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