Junte os melhores líderes de todo o mundo numa estância na Suíça e peça-lhes para discutir o estado do mundo. Parece boa ideia. Mas quando no fim saem uns a olhar para os outros, sem soluções, isso não significa que a elite mundial é fraca: mas que a crise é forte.
O que sobra de Davos é isso: não sabemos para onde vamos. Quem controla o nosso destino?
A Europa entrou em 2009 numa crise económica que arrasa o emprego sem que tenha resolvido a crise financeira de 2008 que a precedeu. O pior não é que o buraco nas contas dos bancos esteja cada maior, mas que não se faça ainda uma ideia de quão grande esse buraco poderá ser.
A banca mundial está em estado catatónico: está viva mas parece morta.
A bola de neve que começou devagar nos Estados Unidos e depois acelerou para a extinção dos bancos de investimento ainda não perdeu velocidade nem capacidade de destruição.
O colapso que se está a verificar na mítica "City" de Londres revela-o: passou a ser crível a nacionalização dos grandes bancos ingleses como o Barclays.
É neste desespero que volta a falar-se da criação de um "bad bank", um "banco mau" que compre todos os activos tóxicos dos bancos mundiais, a um preço que eles não valem no mercado. Será, se for, um banco do Estado, que absorve todo o mal que está disperso no sistema financeiro. Depois, esse "banco mau" gerirá essa imensa massa falida, provavelmente afundando-a num gigantesco prejuízo.
É assim que se lida com a radioactividade. Numa central nuclear, os resíduos radioactivos são enterrados dentro de urnas de aço em minas de sal ou em bidões a grandes profundidades marítimas. Eles estão lá mas parecem que nem existem, e vão perdendo a perigosidade ao longo dos séculos.
A ideia inicial é do secretário de Estado americano de Bush, Henry Paulson. Obama parece disposto a resgatá-la. Os prémios Nobel Joseph Stiglitz e Paul Krugman refutam a ideia: trata-se de pegar em dinheiro dos contribuintes a comprar lixo.
E, pior, é muito difícil de gerir, gerando um problema de muitos e muitos anos. Como os resíduos nucleares.
O "banco mau" é, provavelmente, uma "ideia má", que só ressurge porque a cartucheira dos planos anti-crise está a ficar vazia e ainda não se matou a estaferma.
As alternativas estão todavia a escassear. Mesmo em Portugal, duas apresentações de resultados anuais já mostraram o estado das contas. Mesmo colocando parte dos prejuízos em acções nos fundos de pensões, que têm agora regras mais leves para digerir os prejuízos, BES e BPI bem podem emoldurar os resultados que tiveram em África, Angola. O BPI está muito bem de solvabilidade mas lucrou uns miseráveis nove milhões em Portugal. O BES prepara-se para o segundo aumento de capital em três anos, num total próximo do que ele vale hoje em Bolsa.
Falta saber os resultados do BCP, este mês, e da Caixa, no próximo, mas não há milagres. Mesmo aumentando capitais e exportando participações, a Caixa mostrará o custo de ser bombeiro das empresas e dos bancos falidos. Só ao BPN, os empréstimos chegarão aos dois mil milhões!, mais do que vale um BPI inteiro.
O Ministério das Finanças tem de ver bem o que o Governo anda a fazer. Qualquer dia acordamos e percebemos que, por terem querido fazer da Caixa um "banco bonzinho", conseguiram criar o "banco mau" de Portugal.
A Europa entrou em 2009 numa crise económica que arrasa o emprego sem que tenha resolvido a crise financeira de 2008 que a precedeu. O pior não é que o buraco nas contas dos bancos esteja cada maior, mas que não se faça ainda uma ideia de quão grande esse buraco poderá ser.
A banca mundial está em estado catatónico: está viva mas parece morta.
A bola de neve que começou devagar nos Estados Unidos e depois acelerou para a extinção dos bancos de investimento ainda não perdeu velocidade nem capacidade de destruição.
O colapso que se está a verificar na mítica "City" de Londres revela-o: passou a ser crível a nacionalização dos grandes bancos ingleses como o Barclays.
É neste desespero que volta a falar-se da criação de um "bad bank", um "banco mau" que compre todos os activos tóxicos dos bancos mundiais, a um preço que eles não valem no mercado. Será, se for, um banco do Estado, que absorve todo o mal que está disperso no sistema financeiro. Depois, esse "banco mau" gerirá essa imensa massa falida, provavelmente afundando-a num gigantesco prejuízo.
É assim que se lida com a radioactividade. Numa central nuclear, os resíduos radioactivos são enterrados dentro de urnas de aço em minas de sal ou em bidões a grandes profundidades marítimas. Eles estão lá mas parecem que nem existem, e vão perdendo a perigosidade ao longo dos séculos.
A ideia inicial é do secretário de Estado americano de Bush, Henry Paulson. Obama parece disposto a resgatá-la. Os prémios Nobel Joseph Stiglitz e Paul Krugman refutam a ideia: trata-se de pegar em dinheiro dos contribuintes a comprar lixo.
E, pior, é muito difícil de gerir, gerando um problema de muitos e muitos anos. Como os resíduos nucleares.
O "banco mau" é, provavelmente, uma "ideia má", que só ressurge porque a cartucheira dos planos anti-crise está a ficar vazia e ainda não se matou a estaferma.
As alternativas estão todavia a escassear. Mesmo em Portugal, duas apresentações de resultados anuais já mostraram o estado das contas. Mesmo colocando parte dos prejuízos em acções nos fundos de pensões, que têm agora regras mais leves para digerir os prejuízos, BES e BPI bem podem emoldurar os resultados que tiveram em África, Angola. O BPI está muito bem de solvabilidade mas lucrou uns miseráveis nove milhões em Portugal. O BES prepara-se para o segundo aumento de capital em três anos, num total próximo do que ele vale hoje em Bolsa.
Falta saber os resultados do BCP, este mês, e da Caixa, no próximo, mas não há milagres. Mesmo aumentando capitais e exportando participações, a Caixa mostrará o custo de ser bombeiro das empresas e dos bancos falidos. Só ao BPN, os empréstimos chegarão aos dois mil milhões!, mais do que vale um BPI inteiro.
O Ministério das Finanças tem de ver bem o que o Governo anda a fazer. Qualquer dia acordamos e percebemos que, por terem querido fazer da Caixa um "banco bonzinho", conseguiram criar o "banco mau" de Portugal.
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