Desperdícios.
Uma viagem ao 'site' transparência.gov revela um mundo de contratos e remates a preços fabulosos. Em apenas três meses o Estado, câmaras e empresas públicas gastaram um milhão de euros só em cadeiras. Em móveis de escritório foram despendidos sete milhões de euros
Rolos de papel higiénico a preço de papel couché, arranjos de fotocopiadoras ao custo de Bentleys, cadeiras, armários, computadores ao valor unitário de dezenas de milhares de euros... adjudicações de causar inveja, há de tudo um pouco no site da "transparência. gov", para promover a limpidez das contas públicas.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo é a que revela compras de produtos a preços mais estranhos. Veja-se esta listagem: "Aquisição de 14 módulos de três cadeiras em viga e 10 módulos de duas cadeiras em viga" está apreçado por 375,6 mil euros. Outro exemplo. "Um armário persiana, duas mesas de computador, três cadeiras com rodízios, braços e costas altas" está para adjudicar por 97 560 euros.
Uma distracção com cifrões? Não é a primeira, nem a segunda... a mesma ARS terá mandado proceder a reparações de duas fotocopiadoras por 45,1 mil euros.
Não é de excluir que alguns destes números sejam eventuais erros do domínio da digitalização, da responsabilidade dos intervenientes. Mas são demasiados exemplos: a Câmara de Ílhavo adjudicou três computadores por 380,7 mil euros... e a lista continua. Voltando ao mobiliário, conclui-se que entre Outubro do ano passado e meados de Janeiro deste ano, o Estado e empresas na sua órbita gastaram um milhão de euros em cadeiras. Em 252 "recostos" de auditório, por exemplo, a edilidade de Amarante, norte do País, gastou 123,8 mil euros. Quase 500 euros "investidos" em cada "sofá".
Em Lagoa, no Algarve, a respectiva câmara deliberou a "remoção e reboque da viatura 19-91-SN". Pois, este serviço foi adjudicado por 8500 euros. Sem mais informação, é de supor que a referida viatura ter-se-á avariado no Pólo Norte...
Mas, isto de viagens, tem que se diga. Ao abrigo do "projecto Tempus" chegou a estar no site da "transparência" um retiro de três dias, de Faro a Zagreb, para uma pessoa, no valor de 33,745 mil euros. Um provável engano, já removido. Ao contrário, ainda lá figura uma viagem da GNR (uma pessoa) a Timor por 10,2 mil euros.
Um olhar critico sobre as contas das entidades públicas reserva algumas surpresas. Em Setembro do ano passado, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa gastou 5806 euros em papel higiénico. Encomendou 9072 rolos de papel "folha dupla tipo jumbo" para, esclarece, "utilização interna dos serviços".
Um valor discutível. Um leitor atento fez uma pesquisa "rápida pela Net" e descobriu rolos de papel ("de folha dupla claro", acrescenta) a 16 cêntimos.
Nesta história do papel higiénico e afins, esclareça-se que isto é sério, mas os gastos podem ser díspares. Em Janeiro deste ano, a Câmara de Cascais gastou 50 mil euros na compra de papel higiénico, toalhetes e sabonete em creme "para stock". No mesmo mês, no norte, o município de Penafiel gastou 9927 euros, "para o ano de 2009"...
Claro, há casos incríveis com as compras... que já foram retirados do site, mas que não escaparam ao arquivamento de leitores curiosos. É o que sucede com um autocarro de 16 lugares que custaria 2,9 milhões de euros... ou, um router (para ligar computadores à Net) por 35 mil euros, quando o preço de mercado ronda os 400. Ou os 1,9 milhões de euros que supostamente custaria a iluminação natalícia de Estremoz...
Uma viagem ao 'site' transparência.gov revela um mundo de contratos e remates a preços fabulosos. Em apenas três meses o Estado, câmaras e empresas públicas gastaram um milhão de euros só em cadeiras. Em móveis de escritório foram despendidos sete milhões de euros
Rolos de papel higiénico a preço de papel couché, arranjos de fotocopiadoras ao custo de Bentleys, cadeiras, armários, computadores ao valor unitário de dezenas de milhares de euros... adjudicações de causar inveja, há de tudo um pouco no site da "transparência. gov", para promover a limpidez das contas públicas.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo é a que revela compras de produtos a preços mais estranhos. Veja-se esta listagem: "Aquisição de 14 módulos de três cadeiras em viga e 10 módulos de duas cadeiras em viga" está apreçado por 375,6 mil euros. Outro exemplo. "Um armário persiana, duas mesas de computador, três cadeiras com rodízios, braços e costas altas" está para adjudicar por 97 560 euros.
Uma distracção com cifrões? Não é a primeira, nem a segunda... a mesma ARS terá mandado proceder a reparações de duas fotocopiadoras por 45,1 mil euros.
Não é de excluir que alguns destes números sejam eventuais erros do domínio da digitalização, da responsabilidade dos intervenientes. Mas são demasiados exemplos: a Câmara de Ílhavo adjudicou três computadores por 380,7 mil euros... e a lista continua. Voltando ao mobiliário, conclui-se que entre Outubro do ano passado e meados de Janeiro deste ano, o Estado e empresas na sua órbita gastaram um milhão de euros em cadeiras. Em 252 "recostos" de auditório, por exemplo, a edilidade de Amarante, norte do País, gastou 123,8 mil euros. Quase 500 euros "investidos" em cada "sofá".
Em Lagoa, no Algarve, a respectiva câmara deliberou a "remoção e reboque da viatura 19-91-SN". Pois, este serviço foi adjudicado por 8500 euros. Sem mais informação, é de supor que a referida viatura ter-se-á avariado no Pólo Norte...
Mas, isto de viagens, tem que se diga. Ao abrigo do "projecto Tempus" chegou a estar no site da "transparência" um retiro de três dias, de Faro a Zagreb, para uma pessoa, no valor de 33,745 mil euros. Um provável engano, já removido. Ao contrário, ainda lá figura uma viagem da GNR (uma pessoa) a Timor por 10,2 mil euros.
Um olhar critico sobre as contas das entidades públicas reserva algumas surpresas. Em Setembro do ano passado, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa gastou 5806 euros em papel higiénico. Encomendou 9072 rolos de papel "folha dupla tipo jumbo" para, esclarece, "utilização interna dos serviços".
Um valor discutível. Um leitor atento fez uma pesquisa "rápida pela Net" e descobriu rolos de papel ("de folha dupla claro", acrescenta) a 16 cêntimos.
Nesta história do papel higiénico e afins, esclareça-se que isto é sério, mas os gastos podem ser díspares. Em Janeiro deste ano, a Câmara de Cascais gastou 50 mil euros na compra de papel higiénico, toalhetes e sabonete em creme "para stock". No mesmo mês, no norte, o município de Penafiel gastou 9927 euros, "para o ano de 2009"...
Claro, há casos incríveis com as compras... que já foram retirados do site, mas que não escaparam ao arquivamento de leitores curiosos. É o que sucede com um autocarro de 16 lugares que custaria 2,9 milhões de euros... ou, um router (para ligar computadores à Net) por 35 mil euros, quando o preço de mercado ronda os 400. Ou os 1,9 milhões de euros que supostamente custaria a iluminação natalícia de Estremoz...
OBS:
Isto chama-se "brincar com o nosso dinheirinho e com a desgraça económica" que vai no País... |
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