A taxa de variação homóloga do índice de preços no consumidor escreveu-se em Março com um valor negativo, o que acontece pela primeira vez desde o início da década de 60.
Segundo os dados hoje divulgados pelo INE, os preços registaram uma variação homóloga de -0,4%, inferior em 0,6 pontos percentuais à observada em Fevereiro, essencialmente devido à queda dos preços na classe dos Transportes. “A variação homóloga dos preços no consumidor apresenta um valor historicamente baixo”, precisa o INE, adiantando que “resultados similares em Portugal remontam ao início da década de sessenta”, como mostra o gráfico disponibilizado pelo instituto.
O recuo dos preços em Março, por comparação com igual mês do ano anterior, é ainda mais expressivo quando se tem em conta o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, que é calculado com um método comum para melhor permitir comparações na União Europeia. Neste caso, a variação foi -0,6%, sete décimas abaixo da verificada em Fevereiro.
“À semelhança do mês anterior, a contribuição negativa mais significativa para a variação homóloga do índice de preços no consumidor verificou-se na classe dos Transportes, reflectindo sobretudo a redução significativa dos preços dos combustíveis”, precisa o INE. Já com sinal positivo, o instituto destaca as classes da habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, e dos Restaurantes e hotéis .
A variação mensal dos preços, de Fevereiro para Março, foi, porém, positiva, em 0,8%, e superior à variação nula observada entre Janeiro e Fevereiro.
“Para este resultado contribuiu de forma determinante a variação mensal observada na classe do Vestuário e calçado (20,0%, 1.1 p.p. superior ao valor registado em Março de 2008), reflectindo o fim da época de saldos e promoções e o efeito da entrada da nova colecção de Primavera-Verão”, assinala o INE, que salienta, em sentido oposto, a redução dos preços observada na classe da alimentação.
A ocorrência de uma variação homóloga negativa dos preços em Março era esperada pela generalidade dos analistas consultados pela agência Lusa, que antecipavam uma queda, ainda assim, menos expressiva, na casa dos 0,3%.
O governador do Banco de Portugal, tal como vários analistas, já tinha avisado que Portugal teria durante alguns meses inflação negativa, afastando, contudo, um cenário de deflação (descida continuada e generalizada dos preços).
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