Banco concedeu seis créditos a Abdul Rahman El-Assir El-Assir surge referenciado na imprensa internacional como “traficante de armas” e o seu nome é mencionado na mega-investigação que nos anos 80 envolveu um banco ligado ao narcotráfico internacional. El-Assir era ainda um dos investidores das duas empresas tecnológicas que a Sociedade Lusa de Negócios (SLN) adquiriu em porto Rico, num negócio de 56 milhões de euros que foi intermediado pelo antigo ministro da Administração Interna de Cavaco Silva, Dias Loureiro, que na altura era gestor executivo da SLN e do BPN. Este negócio foi ocultado das autoridades e não foi reflectido nas contas do grupo. Abdul El-Assir tem seis créditos contratualizados junto do Grupo BPN que totalizam 42 milhões de euros e que foram considerados de cobrança duvidosa.
Em causa estão três empréstimos concedidos directamente a El- Assir pelo BPN no valor de 30 milhões de euros e outros três de 12 milhões de euros obtidos via BPN Cayman. Este veículo instalado numa offshore era utilizado pela gestão de José Oliveira Costa para transferir para o Banco Insular em Cabo Verde e para o BPN Brasil operações não assumidas junto das autoridades oficiais como crédito malparado, financiamentos a empresas e a clientes, prejuízos e negócios ruinosos.
O PÚBLICO apurou que apenas uma parte do crédito global obtido por El- Assir estava garantido, neste caso, por imóveis e por acções em Espanha e por uma hipoteca sobreposta a uma outra associada a uma dívida ao Barclays de Madrid. Os empréstimos de El-Assir surgem nas contas do BPN como incobráveis, facto que levou Abdool Vakil, que substituiu Oliveira e Costa à frente do Grupo, a constituir uma provisão para fazer face a uma perda potencial. Vakil desempenhou funções de presidente executivo no BPN/SLN entre Fevereiro e Junho deste ano.
O cliente El-Assir
O empresário libanês tornou-se cliente do BPN nos primeiros anos desta década, período em que Dias Loureiro era administrador executivo e accionista da instituição financeira e da SLN. O financiamento coincide ainda com o momento em que El-Assir vendeu à SLN duas empresas com sede em Porto Rico por 56 milhões de euros, negócio que foi contestado internamente pela equipa de técnicos que avaliou a operação, chefiada pelo economista Jorge Vieira Jordão (hoje na Caixa Central de Crédito Agrícola).
Vieira Jordão (ler PÚBLICO de ontem) deslocou-se a Porto Rico e no relatório escrito que entregou a Dias Loureiro, o seu chefe directo na SLN Novas Tecnologias, considerou a transacção de risco elevado e desaconselhou- o a avançar com a compra, posição que não foi acatada pelos responsáveis do grupo.
O negócio envolveu a compra de posições em duas tecnológicas, a NewTech-NewTechnologies (75 por cento), que nunca teve actividade, e a Biometrics Imagineerin (25 por cento), que declarou falência dois meses depois de ter sido adquirida. Ambas estavam ligadas aos titulares de offshores do universo BPN/SLN, em Gibraltar e na Holanda, desconhecidas do Banco de Portugal.
Ligados desde os anos 90
A ligação de Dias Loureiro a El-Assir já vinha detrás e remonta à década de noventa. Num livro publicado em Espanha, Los PPijos, que retrata a geração de jovens dirigentes do Partido Popular, agrupados à volta de Alejandro Agag, genro de José Maria Aznar (e ex-colaborador do BPN), o nome do ex-ministro de Cavaco Silva consta como “sócio” de El-Assir. Em 2005, em declarações ao PÚBLICO, Dias Loureiro admitiu manter com o libanês uma relação de amizade, tendo sido por seu intermédio que conheceu o Rei de Espanha, Juan Carlos.
Recentemente, numa entrevista à RTP lembrou mesmo que foi por intermédio de um amigo [ El-Assir] que, no final da década noventa, resolveu um negócio em Marrocos. Tratou-se da venda à Vivendi de uma empresa de que o ex-ministro era presidente, a REDAL, onde a Plêiade, de que era também accionista, possuía uma posição. El-Assir pôs Dias Loureiro “em contacto com um responsável de Rabat”, o que possibilitou “ultrapassar alguns obstáculos de ordem burocrática” e viabilizar o negócio com os franceses.
Em 2005 o PÚBLICO contactou telefonicamente com El-Assir, que afirmou não possuir qualquer ligação empresarial a Dias Loureiro, apesar de este ser “apenas um grande e bom amigo”. O nome do cliente devedor do BPN, hoje com 58 anos, de origem libanesa, mas com nacionalidade espanhola, consta de vários textos publicados nos últimos anos em sites internacionais como tendo estado associado ao escândalo que envolveu nos anos 80 o Banco de Crédito e Comércio Internacional (BCCI), com sede no Panamá.
Esta instituição foi acusada de ligações ao narcotráfico mundial e foi alvo de uma investigação nos EUA liderada pelo ex-candidato presidencial John Kerry. Em 2005, El-Assir assegurou ao PÚBLICO que “nunca teve nenhuma conta pessoal ou empresarial no BCCI”. Há três anos, em declarações ao PÚBLICO, Dias Loureiro assegurou “nada” saber “sobre o passado” do seu amigo libanês e de “não ter quaisquer razões” para pensar mal dele. “O seu círculo de amigos é gente respeitável, ele sempre me tratou bem, com amizade e respeito”, notou.
O ex-ministro ao ser contactado pelo PÚBLICO considerou que “o assunto é muito delicado”, mas reconheceu que mantinha [em 2005] uma relação de amizade com o libanês. Dias Loureiro, explicou que era amigo de um cunhado de El-Assir, casado com a irmã da actual mulher do libanês, filha de um ex-embaixador de Espanha no Cairo. O amigo libanês de Manuel Dias Loureiro, Abdul Rahman El-Assir, é um dos maiores devedores do Grupo Banco Português de Negócios (BPN), com um crédito malparado superior a 40 milhões de euros.
No texto publicado em 2005 pelo PÚBLICO, Dias Loureiro salientou que El-Assir o convidou “várias vezes para caçar com o Rei de Espanha e jogar golfe” e que foi ainda por seu intermédio que conheceu o ex-Presidente dos EUA Bill Clinton e o presidente do Partido Democrata norte-americano, Terry Macauliffe, o homem que trata das finanças dos democratas. “Jantei com Bill Clinton nas casas dele [El-Assir] em Madrid, Barcelona e Londres.” El-Assir deslocava-se então com frequência a Marbella, no Sul de Espanha, onde era vizinho dos pais de Agag. Loureiro acrescentou que ele era amigo do Rei de Espanha e do neto de Franco [Francis Franco], “com quem tenho estado” e que já se encontrou “umas seis vezes” com Juan Carlos na casa de El-Assir para caçar.
A imprensa espanhola chega a pôr em causa algumas das ligações de Juan Carlos. El-Assir esteve em Portugal várias vezes. Para além das suas deslocações para tratar de negócios, como a venda das sociedades de Porto Rico, esteve nos casamentos das filhas de Dias Loureiro.
Em causa estão três empréstimos concedidos directamente a El- Assir pelo BPN no valor de 30 milhões de euros e outros três de 12 milhões de euros obtidos via BPN Cayman. Este veículo instalado numa offshore era utilizado pela gestão de José Oliveira Costa para transferir para o Banco Insular em Cabo Verde e para o BPN Brasil operações não assumidas junto das autoridades oficiais como crédito malparado, financiamentos a empresas e a clientes, prejuízos e negócios ruinosos.
O PÚBLICO apurou que apenas uma parte do crédito global obtido por El- Assir estava garantido, neste caso, por imóveis e por acções em Espanha e por uma hipoteca sobreposta a uma outra associada a uma dívida ao Barclays de Madrid. Os empréstimos de El-Assir surgem nas contas do BPN como incobráveis, facto que levou Abdool Vakil, que substituiu Oliveira e Costa à frente do Grupo, a constituir uma provisão para fazer face a uma perda potencial. Vakil desempenhou funções de presidente executivo no BPN/SLN entre Fevereiro e Junho deste ano.
O cliente El-Assir
O empresário libanês tornou-se cliente do BPN nos primeiros anos desta década, período em que Dias Loureiro era administrador executivo e accionista da instituição financeira e da SLN. O financiamento coincide ainda com o momento em que El-Assir vendeu à SLN duas empresas com sede em Porto Rico por 56 milhões de euros, negócio que foi contestado internamente pela equipa de técnicos que avaliou a operação, chefiada pelo economista Jorge Vieira Jordão (hoje na Caixa Central de Crédito Agrícola).
Vieira Jordão (ler PÚBLICO de ontem) deslocou-se a Porto Rico e no relatório escrito que entregou a Dias Loureiro, o seu chefe directo na SLN Novas Tecnologias, considerou a transacção de risco elevado e desaconselhou- o a avançar com a compra, posição que não foi acatada pelos responsáveis do grupo.
O negócio envolveu a compra de posições em duas tecnológicas, a NewTech-NewTechnologies (75 por cento), que nunca teve actividade, e a Biometrics Imagineerin (25 por cento), que declarou falência dois meses depois de ter sido adquirida. Ambas estavam ligadas aos titulares de offshores do universo BPN/SLN, em Gibraltar e na Holanda, desconhecidas do Banco de Portugal.
Ligados desde os anos 90
A ligação de Dias Loureiro a El-Assir já vinha detrás e remonta à década de noventa. Num livro publicado em Espanha, Los PPijos, que retrata a geração de jovens dirigentes do Partido Popular, agrupados à volta de Alejandro Agag, genro de José Maria Aznar (e ex-colaborador do BPN), o nome do ex-ministro de Cavaco Silva consta como “sócio” de El-Assir. Em 2005, em declarações ao PÚBLICO, Dias Loureiro admitiu manter com o libanês uma relação de amizade, tendo sido por seu intermédio que conheceu o Rei de Espanha, Juan Carlos.
Recentemente, numa entrevista à RTP lembrou mesmo que foi por intermédio de um amigo [ El-Assir] que, no final da década noventa, resolveu um negócio em Marrocos. Tratou-se da venda à Vivendi de uma empresa de que o ex-ministro era presidente, a REDAL, onde a Plêiade, de que era também accionista, possuía uma posição. El-Assir pôs Dias Loureiro “em contacto com um responsável de Rabat”, o que possibilitou “ultrapassar alguns obstáculos de ordem burocrática” e viabilizar o negócio com os franceses.
Em 2005 o PÚBLICO contactou telefonicamente com El-Assir, que afirmou não possuir qualquer ligação empresarial a Dias Loureiro, apesar de este ser “apenas um grande e bom amigo”. O nome do cliente devedor do BPN, hoje com 58 anos, de origem libanesa, mas com nacionalidade espanhola, consta de vários textos publicados nos últimos anos em sites internacionais como tendo estado associado ao escândalo que envolveu nos anos 80 o Banco de Crédito e Comércio Internacional (BCCI), com sede no Panamá.
Esta instituição foi acusada de ligações ao narcotráfico mundial e foi alvo de uma investigação nos EUA liderada pelo ex-candidato presidencial John Kerry. Em 2005, El-Assir assegurou ao PÚBLICO que “nunca teve nenhuma conta pessoal ou empresarial no BCCI”. Há três anos, em declarações ao PÚBLICO, Dias Loureiro assegurou “nada” saber “sobre o passado” do seu amigo libanês e de “não ter quaisquer razões” para pensar mal dele. “O seu círculo de amigos é gente respeitável, ele sempre me tratou bem, com amizade e respeito”, notou.
O ex-ministro ao ser contactado pelo PÚBLICO considerou que “o assunto é muito delicado”, mas reconheceu que mantinha [em 2005] uma relação de amizade com o libanês. Dias Loureiro, explicou que era amigo de um cunhado de El-Assir, casado com a irmã da actual mulher do libanês, filha de um ex-embaixador de Espanha no Cairo. O amigo libanês de Manuel Dias Loureiro, Abdul Rahman El-Assir, é um dos maiores devedores do Grupo Banco Português de Negócios (BPN), com um crédito malparado superior a 40 milhões de euros.
No texto publicado em 2005 pelo PÚBLICO, Dias Loureiro salientou que El-Assir o convidou “várias vezes para caçar com o Rei de Espanha e jogar golfe” e que foi ainda por seu intermédio que conheceu o ex-Presidente dos EUA Bill Clinton e o presidente do Partido Democrata norte-americano, Terry Macauliffe, o homem que trata das finanças dos democratas. “Jantei com Bill Clinton nas casas dele [El-Assir] em Madrid, Barcelona e Londres.” El-Assir deslocava-se então com frequência a Marbella, no Sul de Espanha, onde era vizinho dos pais de Agag. Loureiro acrescentou que ele era amigo do Rei de Espanha e do neto de Franco [Francis Franco], “com quem tenho estado” e que já se encontrou “umas seis vezes” com Juan Carlos na casa de El-Assir para caçar.
A imprensa espanhola chega a pôr em causa algumas das ligações de Juan Carlos. El-Assir esteve em Portugal várias vezes. Para além das suas deslocações para tratar de negócios, como a venda das sociedades de Porto Rico, esteve nos casamentos das filhas de Dias Loureiro.
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