Se avaliássemos o primeiro ano de mandato de Carlos Santos Ferreira pela evolução das acções do BCP, bem podíamos recomendar-lhe que passasse pelos Recursos Humanos e assinasse a carta de despedimento: o banco vale um terço do que então valia. Os donos do banco estão pelas ruas da amargura, arrastando nisso os pequenos investidores. Mas a responsabilidade é de quem? Dos donos...
Nem no futebol às chicotadas psicológicas se seguem sucessos imediatos. E o mandato de Santos Ferreira não foi o de descobrir a pólvora, mas o de evitar que o barril explodisse.
O presidente do BCP arrola entre os seus sucessos ter conseguido mobilizar um aumento de capital, com a prestimosa ajuda da Sonangol; e ter libertado o Cavalo de Tróia chamado BPI, deixando ambos satisfeitos: Tróia e o Cavalo. Mas a maior vitória de Santos Ferreira não está no que fez, mas no que não fez: não minguou o banco, como chegou a parecer inevitável, e mantém nos dedos os seus melhores anéis: Polónia e Grécia. Não por sorte (coisa que tem faltado na Grécia, onde os motins do fim do ano prejudicaram directamente o banco) mas por resiliência. Mais: na próxima apresentação de resultados, estranhamente tardia, é possível que o BCP apresente dos melhores rácios de capital da banca nacional, o que beneficia o banco que, ademais, ganhou um balão de oxigénio quando o Banco de Portugal decidiu agilizar a pressão contabilística sobre os fundos de pensões.
Santos Ferreira fez de facto parte da solução do BCP, quando passou a geri-lo, mas também antes disso. No jogo de poderes em definição, foi ele que, como presidente da Caixa Geral de Depósitos, aprovou o financiamento a Joe Berardo, que agora lidera um rasto de destruição de valor com acções do BCP. E, aqui, os bancos têm culpas: ao não executarem as contrapartidas dos devedores quando as acções começaram a cair, apropriaram-se do risco dessas acções. Agora que as acções caíram muito mais, os bancos já não podem deixar cair os investidores perdulários, sob pena da falência deles ser a sua.
Os accionistas Joe Berardo, Manuel Fino, Teixeira Duarte e Privado Holding estão com a corda na garganta e pedras atadas aos pés. Endividaram-se demais e ficaram com acções que valem raspas. A crise financeira é culpada neste processo (desde o seu início, os bancos mundiais perderam 75% do seu valor!), mas não morre solteira. Houve investimentos temerários no BCP e ganância não foi o único pecado mortal cometido: houve vaidade de quem quis um projecto de poder; houve avareza de quem quis transferir valor do BCP para outras empresas.
A estrutura accionista do BCP está longe de estar pacificada. Mesmo com a Sonangol, Eureko e Stanley Ho disponíveis ou interessados em aumentar a posição, há espaço e preço para novas entradas – e a crise tem mostrado que há atiradores furtivos que beneficiam da desvalorização significativa de activos para comprar posições que lhes permitam sair mais fortes no mapa financeiro mundial que se segue. O BBVA, por exemplo, está a fazê-lo, bem como o Santander. E como mostra o interesse do Sabadell na rede do BPN, o mercado português ainda não se tornou desinteressante para os espanhóis.
A banca já se mostrou terreno inóspito para entradas hostis, mas, num terreno de aflitos, é fácil colocar uma estaca. Santos Ferreira caminha, equilibrista, no fio de uma navalha aguçada. Houve um tempo em que no BCP se geria um equilíbrio de forças. Hoje gere-se um equilíbrio de fraquezas.
Comentário:
Bom análise, mas falta muitas responsabilidades de crimes cometidos na "era" dos ex. gestores do BCP...
Veja-se este "CASO BCP"(um dos principais culpados desta crise financeira em Portugal ) em que o banco desgraçou financeiramente milhares de famílias e ainda acabou por ser apoiado pelo Governo em milhares de milhões de euros de empréstimos!... E depois de haver promessas dos Supervisores bancários, em terem obrigatoriamente de ressarcir essas famílias lesadas (Ex: Campanhas Accionistas Millennium BCP em 2000/2001, etc.)... Mas pelo contrário foram atirados para o chamado "INCUMPRIMENTO no BdP, nos créditos fraudulentos, não pagos," em que os lesados por este banco estão bloqueados na vida, também por culpa gravosa do Banco de Portugal... Pois estas famílias continuam a sofrer cada vez mais sem ver suas graves situações resolvidas!(...)
Nem no futebol às chicotadas psicológicas se seguem sucessos imediatos. E o mandato de Santos Ferreira não foi o de descobrir a pólvora, mas o de evitar que o barril explodisse.
O presidente do BCP arrola entre os seus sucessos ter conseguido mobilizar um aumento de capital, com a prestimosa ajuda da Sonangol; e ter libertado o Cavalo de Tróia chamado BPI, deixando ambos satisfeitos: Tróia e o Cavalo. Mas a maior vitória de Santos Ferreira não está no que fez, mas no que não fez: não minguou o banco, como chegou a parecer inevitável, e mantém nos dedos os seus melhores anéis: Polónia e Grécia. Não por sorte (coisa que tem faltado na Grécia, onde os motins do fim do ano prejudicaram directamente o banco) mas por resiliência. Mais: na próxima apresentação de resultados, estranhamente tardia, é possível que o BCP apresente dos melhores rácios de capital da banca nacional, o que beneficia o banco que, ademais, ganhou um balão de oxigénio quando o Banco de Portugal decidiu agilizar a pressão contabilística sobre os fundos de pensões.
Santos Ferreira fez de facto parte da solução do BCP, quando passou a geri-lo, mas também antes disso. No jogo de poderes em definição, foi ele que, como presidente da Caixa Geral de Depósitos, aprovou o financiamento a Joe Berardo, que agora lidera um rasto de destruição de valor com acções do BCP. E, aqui, os bancos têm culpas: ao não executarem as contrapartidas dos devedores quando as acções começaram a cair, apropriaram-se do risco dessas acções. Agora que as acções caíram muito mais, os bancos já não podem deixar cair os investidores perdulários, sob pena da falência deles ser a sua.
Os accionistas Joe Berardo, Manuel Fino, Teixeira Duarte e Privado Holding estão com a corda na garganta e pedras atadas aos pés. Endividaram-se demais e ficaram com acções que valem raspas. A crise financeira é culpada neste processo (desde o seu início, os bancos mundiais perderam 75% do seu valor!), mas não morre solteira. Houve investimentos temerários no BCP e ganância não foi o único pecado mortal cometido: houve vaidade de quem quis um projecto de poder; houve avareza de quem quis transferir valor do BCP para outras empresas.
A estrutura accionista do BCP está longe de estar pacificada. Mesmo com a Sonangol, Eureko e Stanley Ho disponíveis ou interessados em aumentar a posição, há espaço e preço para novas entradas – e a crise tem mostrado que há atiradores furtivos que beneficiam da desvalorização significativa de activos para comprar posições que lhes permitam sair mais fortes no mapa financeiro mundial que se segue. O BBVA, por exemplo, está a fazê-lo, bem como o Santander. E como mostra o interesse do Sabadell na rede do BPN, o mercado português ainda não se tornou desinteressante para os espanhóis.
A banca já se mostrou terreno inóspito para entradas hostis, mas, num terreno de aflitos, é fácil colocar uma estaca. Santos Ferreira caminha, equilibrista, no fio de uma navalha aguçada. Houve um tempo em que no BCP se geria um equilíbrio de forças. Hoje gere-se um equilíbrio de fraquezas.
Comentário:
Bom análise, mas falta muitas responsabilidades de crimes cometidos na "era" dos ex. gestores do BCP...
Veja-se este "CASO BCP"(um dos principais culpados desta crise financeira em Portugal ) em que o banco desgraçou financeiramente milhares de famílias e ainda acabou por ser apoiado pelo Governo em milhares de milhões de euros de empréstimos!... E depois de haver promessas dos Supervisores bancários, em terem obrigatoriamente de ressarcir essas famílias lesadas (Ex: Campanhas Accionistas Millennium BCP em 2000/2001, etc.)... Mas pelo contrário foram atirados para o chamado "INCUMPRIMENTO no BdP, nos créditos fraudulentos, não pagos," em que os lesados por este banco estão bloqueados na vida, também por culpa gravosa do Banco de Portugal... Pois estas famílias continuam a sofrer cada vez mais sem ver suas graves situações resolvidas!(...)
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