O Banco de Portugal é uma das mais prestigiadas instituições portuguesas. O seu governador é um economista conceituado e um dos elementos mais considerados no Banco Central Europeu. O que fazemos em Portugal? Alguns partidos têm feito de tudo para destruir a instituição e a pessoa.
O Banco de Portugal, enquanto supervisor prudencial da banca, é comparável, com sucesso, aos seus pares. Nenhum deles ouviu o "tic tac" da bomba-relógio colocada na banca? Pois não. E dificilmente poderiam ouvir e ver, limitados pelo quadro legal que se foi desenhando para o sistema financeiro desde finais dos anos 80.
Ao longo destes anos foram-se reduzindo as exigências de capital, com a permissão de multiplicar por factores, cada vez mais elevados, depósitos e capital em crédito e aplicações em títulos. Os legisladores foram viabilizando a transformação de (quase) tudo em títulos, inebriados por supostos génios financeiros que prometiam acabar com o risco. Ante da implosão da crise, assistíamos à tendência - que foi, em parte, concretizada - de retirar ainda mais poderes aos já tão delapidados supervisores.
Em Portugal, a tendência foi exactamente a mesma. Desde finais dos anos 80 que as falhas do mercado foram esquecidas no sector financeiro. Todos elogiámos a desregulamentação da actividade bancária, quer nos aspectos mais simples, como nos horários de trabalho, como nos mais complexos, como o da liberdade de oferecerem todo o tipo de produtos, mesmo que muitos, com formação para isso, não conseguissem sequer perceber quais eram os activos que suportavam a criação de valor de generosas ofertas de aplicações. Todos andavam felizes enquanto viam as suas poupanças a subirem.
A promoção que, directa ou indirectamente, os diversos governos fizeram para a compra de acções de empresas com crédito é outro dos acontecimentos dos tempos, do que hoje se pode considerar, de libertinagem financeira. Quantos não foram convidados no seu banco a endividarem-se para comprar acções? E hoje escandalizamo-nos com as práticas de que está a ser acusado o BCP.
E houve ainda a liberdade individual de escolher. Um argumento que se deve prezar desde que não sirva para abusar dos ignorantes. Portugal nunca foi uma economia de mercado. De um dia para o outro, os portugueses descobriram que, afinal, eram eles os culpados por estarem a pagar mais pelos empréstimos ou por verem as suas poupanças a desaparecerem. Nunca nenhum governo se preocupou em massificar informação financeira para que as escolhas, o exercício da liberdade individual, fossem feitas com conhecimento.
Hoje estamos endividados e muitos portugueses perderam parte das suas poupanças. Não é desculpa, é verdade, mas muitos, pelo País fora, enfrentam esses problemas porque confiaram no "senhor do banco". Não sabendo que o "senhor do banco" tinha objectivos para cumprir, para garantir parte do seu rendimento.
Os deputados têm a obrigação de reflectir seriamente sobre o que se passou e procurar corrigir o quadro legal. Actuar para destruir o Banco de Portugal e demitir o governador é baixa política. É com estas actuações que a classe política se desacredita, lança os cidadãos para a abstenção e ameaça a democracia. Que não existe sem instituições como o Banco de Portugal.
Comentários:
# A MILLENNIUM BCP AINDA CONTINUA A SER O ARRASTÃO DA NOSSA ECONOMIA...
# FORÇA CONSTÂNCIO/SÓCRATES
# Ao Zap
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O Banco de Portugal, enquanto supervisor prudencial da banca, é comparável, com sucesso, aos seus pares. Nenhum deles ouviu o "tic tac" da bomba-relógio colocada na banca? Pois não. E dificilmente poderiam ouvir e ver, limitados pelo quadro legal que se foi desenhando para o sistema financeiro desde finais dos anos 80.
Ao longo destes anos foram-se reduzindo as exigências de capital, com a permissão de multiplicar por factores, cada vez mais elevados, depósitos e capital em crédito e aplicações em títulos. Os legisladores foram viabilizando a transformação de (quase) tudo em títulos, inebriados por supostos génios financeiros que prometiam acabar com o risco. Ante da implosão da crise, assistíamos à tendência - que foi, em parte, concretizada - de retirar ainda mais poderes aos já tão delapidados supervisores.
Em Portugal, a tendência foi exactamente a mesma. Desde finais dos anos 80 que as falhas do mercado foram esquecidas no sector financeiro. Todos elogiámos a desregulamentação da actividade bancária, quer nos aspectos mais simples, como nos horários de trabalho, como nos mais complexos, como o da liberdade de oferecerem todo o tipo de produtos, mesmo que muitos, com formação para isso, não conseguissem sequer perceber quais eram os activos que suportavam a criação de valor de generosas ofertas de aplicações. Todos andavam felizes enquanto viam as suas poupanças a subirem.
A promoção que, directa ou indirectamente, os diversos governos fizeram para a compra de acções de empresas com crédito é outro dos acontecimentos dos tempos, do que hoje se pode considerar, de libertinagem financeira. Quantos não foram convidados no seu banco a endividarem-se para comprar acções? E hoje escandalizamo-nos com as práticas de que está a ser acusado o BCP.
E houve ainda a liberdade individual de escolher. Um argumento que se deve prezar desde que não sirva para abusar dos ignorantes. Portugal nunca foi uma economia de mercado. De um dia para o outro, os portugueses descobriram que, afinal, eram eles os culpados por estarem a pagar mais pelos empréstimos ou por verem as suas poupanças a desaparecerem. Nunca nenhum governo se preocupou em massificar informação financeira para que as escolhas, o exercício da liberdade individual, fossem feitas com conhecimento.
Hoje estamos endividados e muitos portugueses perderam parte das suas poupanças. Não é desculpa, é verdade, mas muitos, pelo País fora, enfrentam esses problemas porque confiaram no "senhor do banco". Não sabendo que o "senhor do banco" tinha objectivos para cumprir, para garantir parte do seu rendimento.
Os deputados têm a obrigação de reflectir seriamente sobre o que se passou e procurar corrigir o quadro legal. Actuar para destruir o Banco de Portugal e demitir o governador é baixa política. É com estas actuações que a classe política se desacredita, lança os cidadãos para a abstenção e ameaça a democracia. Que não existe sem instituições como o Banco de Portugal.
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# A MILLENNIUM BCP AINDA CONTINUA A SER O ARRASTÃO DA NOSSA ECONOMIA...
# FORÇA CONSTÂNCIO/SÓCRATES
# Ao Zap
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