Os dirigentes dos principais bancos centrais do mundo acreditam que a economia mundial já ultrapassou a pior fase da recessão, mas enviaram neste fim-de-semana sinais firmes de que vão manter as taxas de juro em níveis historicamente baixos, até porque subsistem muitas dúvidas sobre a sustentabilidade dos movimentos de recuperação que se têm vindo a observar nas maiores economias do globo.
“Travámos a queda. Mas a grande questão que permanece em aberto é quando vamos assistir a uma retoma do sector privado e, se isso não suceder, o que acontecerá’”, advertiu Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, que participou no encontro informal entre banqueiros centrais que anualmente se realiza em Jackson Hole, nos Estados Unidos.
Em declarações ao “Financial Times” o responsável sublinhou ainda que não pode ser excluída uma longa fase de crescimento travado, ou mesmo um novo recuo da economia, devido ao endividamento elevado e à probabilidade de se assistir a uma subida acentuada da taxa de desemprego.
Esse é um cenário que Nouriel Roubini diz ser o mais provável, caso os bancos centrais e os Governos retirem rapidamente os estímulos à economista. O economista norte-americano, e um dos que melhor conseguiu prever a crise financeira internacional e as suas consequências, diz que, nesse contexto, a recuperação promete ser particularmente efémera, devendo a economia mundial regressar à recessão.
Em artigo hoje publicado no “Financial Times”, Roubini diz ainda que a subida do preço de vários produtos alimentares de base e do petróleo é outro factor de risco que pode pôr termo à ainda frágil dinâmica de recuperação.
O primeiro dia do encontro de Jackson Hole ficou marcado pelo tom optimista das declarações do presidente da Reserva Federal norte-americana, segundo o qual é possível o regresso a curto prazo das economias desenvolvidas ao crescimento.
“Depois de se ter contraído acentuadamente durante o ano passado, a actividade económica parece estar a estabilizar, tanto nos Estados Unidos como no resto do mundo, e as perspectivas de um regresso ao crescimento no curto prazo parecem boas”, disse Ben Bernanke. O presidente da Fed fez contudo questão de alertar que qualquer retoma deverá “ser relativamente lenta” e acompanhada de fracas ou mesmo nenhumas melhorias no mercado de trabalho.
Depois de ter sofrido um movimento de descida mais lento, as taxas de juro na Zona Euro estão actualmente fixadas em 1%. Já nos Estados Unidos, Reino Unido e Japão são virtualmente nulas.
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