Há 507 mil pessoas sem emprego. É um número recorde desde, pelo menos, 1983. A taxa é a mais alta em 23 anos.
Tem entre 25 e 34 anos, escolaridade básica, vive no Norte e, pela primeira em dez anos, é do sexo masculino. Este pode ser um esboço do retrato do desempregado em Portugal, traçado a partir dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números do segundo trimestre de 2009 mostram que foi ultrapassada a barreira do meio milhão de desempregados em Portugal. São 507 mil pessoas, o que representa 9,1% da população activa, a taxa mais elevada desde o primeiro trimestre de 1986.
É um crescimento de 1,8 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2008, e de 0,2 pontos percentuais face aos primeiros três meses deste ano. Mas mais que a continuação do aumento do desemprego, já esperado, é o facto de os homens terem ultrapassado as mulheres no número do desemprego que surpreende. São 257 mil homens para 250 mil mulheres. O INE atribui o grosso da subida dos números ao acréscimo de desempregados masculinos (mais 69,4 mil indivíduos) que explica 71% do aumento global do desemprego.
E por que razão tantos homens perderam o emprego? Uma pista possível está na distribuição por actividades. A construção, sector predominantemente masculino, foi o que mais empregos perdeu (42,7 mil). Seguem-se a indústria transformadora e a agricultura. A maior perda de trabalho deu-se no grau de escolaridade mais baixo, que também é comum aos trabalhadores da construção.
A tese ganha força com as explicações de Cristina Casalinho. A economista-chefe do BPI lembra que a construção em Espanha tem absorvido muita da mão- -de-obra portuguesa. A maioria dessas pessoas, que hoje não encontra alternativa de emprego no país vizinho, é das zonas fronteiriças e do Norte do país.
A economista vê sinais positivos nesta evolução: "A estrutura do trabalho está a mudar. A procura está a centrar--se nos empregos com mais qualificações." Há 20% de mulheres activas com qualificação superior para apenas 10% de homens. "Isso pode explicar o porquê do desemprego ser agora maior nos homens." Mas admite que o facto de as mulheres receberem menos que os homens em sectores de mão-de-obra intensiva pode explicar a manutenção do emprego feminino.
Custos com desemprego disparam Além do impacto social e humano, o desemprego custa cada vez mais ao Estado. Até Junho, as despesas com o subsídio de desemprego e apoio ao emprego subiram 24%, para 960 milhões de euros. Só no segundo trimestre, a factura foi de 510 milhões de euros, mais 13% que nos primeiros três meses do ano.
Poucos duvidam de que a taxa continuará a crescer no curto prazo. As opinião dividem-se sobre o timing da recuperação efectiva de postos de trabalho. O primeiro-ministro, José Sócrates, está convicto de que a partir de 2010 os números vão melhorar. E sublinha que a subida, que supera a previsão do governo, foi inferior à de outros países da Europa. Já o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, acredita que a taxa de desemprego não vai chegar aos dois dígitos (10%).
Além de ser contestada pela oposição (ver pág. do lado), a visão do governo também é contrariada por alguns economistas. Nogueira Leite acha que o limiar dos 10% será ultrapassado e estima que só daqui a dois anos haverá criação sustentada de empregos. Rui Constantino, economista-chefe do Banco Santander, realça que a economia nacional só cria emprego quando o PIB está a crescer a mais de 1% ao ano. "Para o desemprego voltar abaixo dos 8% era necessário um crescimento sustentado sempre acima de 1,5%. Os dois concordam que o desemprego estrutural ficará mais alto do que no passado. Com F. P. C. e N. A.
Tem entre 25 e 34 anos, escolaridade básica, vive no Norte e, pela primeira em dez anos, é do sexo masculino. Este pode ser um esboço do retrato do desempregado em Portugal, traçado a partir dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números do segundo trimestre de 2009 mostram que foi ultrapassada a barreira do meio milhão de desempregados em Portugal. São 507 mil pessoas, o que representa 9,1% da população activa, a taxa mais elevada desde o primeiro trimestre de 1986.
É um crescimento de 1,8 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2008, e de 0,2 pontos percentuais face aos primeiros três meses deste ano. Mas mais que a continuação do aumento do desemprego, já esperado, é o facto de os homens terem ultrapassado as mulheres no número do desemprego que surpreende. São 257 mil homens para 250 mil mulheres. O INE atribui o grosso da subida dos números ao acréscimo de desempregados masculinos (mais 69,4 mil indivíduos) que explica 71% do aumento global do desemprego.
E por que razão tantos homens perderam o emprego? Uma pista possível está na distribuição por actividades. A construção, sector predominantemente masculino, foi o que mais empregos perdeu (42,7 mil). Seguem-se a indústria transformadora e a agricultura. A maior perda de trabalho deu-se no grau de escolaridade mais baixo, que também é comum aos trabalhadores da construção.
A tese ganha força com as explicações de Cristina Casalinho. A economista-chefe do BPI lembra que a construção em Espanha tem absorvido muita da mão- -de-obra portuguesa. A maioria dessas pessoas, que hoje não encontra alternativa de emprego no país vizinho, é das zonas fronteiriças e do Norte do país.
A economista vê sinais positivos nesta evolução: "A estrutura do trabalho está a mudar. A procura está a centrar--se nos empregos com mais qualificações." Há 20% de mulheres activas com qualificação superior para apenas 10% de homens. "Isso pode explicar o porquê do desemprego ser agora maior nos homens." Mas admite que o facto de as mulheres receberem menos que os homens em sectores de mão-de-obra intensiva pode explicar a manutenção do emprego feminino.
Custos com desemprego disparam Além do impacto social e humano, o desemprego custa cada vez mais ao Estado. Até Junho, as despesas com o subsídio de desemprego e apoio ao emprego subiram 24%, para 960 milhões de euros. Só no segundo trimestre, a factura foi de 510 milhões de euros, mais 13% que nos primeiros três meses do ano.
Poucos duvidam de que a taxa continuará a crescer no curto prazo. As opinião dividem-se sobre o timing da recuperação efectiva de postos de trabalho. O primeiro-ministro, José Sócrates, está convicto de que a partir de 2010 os números vão melhorar. E sublinha que a subida, que supera a previsão do governo, foi inferior à de outros países da Europa. Já o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, acredita que a taxa de desemprego não vai chegar aos dois dígitos (10%).
Além de ser contestada pela oposição (ver pág. do lado), a visão do governo também é contrariada por alguns economistas. Nogueira Leite acha que o limiar dos 10% será ultrapassado e estima que só daqui a dois anos haverá criação sustentada de empregos. Rui Constantino, economista-chefe do Banco Santander, realça que a economia nacional só cria emprego quando o PIB está a crescer a mais de 1% ao ano. "Para o desemprego voltar abaixo dos 8% era necessário um crescimento sustentado sempre acima de 1,5%. Os dois concordam que o desemprego estrutural ficará mais alto do que no passado. Com F. P. C. e N. A.
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