Manuel Dias Loureiro decidiu ontem pedir a demissão do Conselho de Estado, depois das acusações duras de José Oliveira Costa sobre o seu envolvimento e participação em algumas das decisões que terão levado o Banco Português de Negócios (BPN) a uma situação de crise e à sua nacionalização.
À SIC, Loureiro explicou que a sua saída não resultou da explicação do antigo presidente do grupo, mas da percepção de que o Conselho de Estado era uma protecção para eventuais consequências judiciais, que Loureiro garante dispensar. Ao fim de sete meses de suspeições na praça pública, o acto do antigo ministro de Cavaco Silva não tem nada de heróico. Pelo contrário, chega tarde e a más horas.
Não está obviamente em causa a presunção de inocência de Dias Loureiro, tanto mais que as palavras de José Oliveira Costa devem ser lidas no devido contexto: é até agora o único arguido no processo, não pode nem deve passar agora a ser visto como o justiceiro que vai ajudar a justiça a descobrir a verdade no caso BPN e, além disso, tem sido apontado por todos como o grande responsável pela situação a que o banco chegou. Finalmente, porque ele próprio não deu quaisquer explicações sobre o estado de colapso financeiro a que o BPN chegou, nem sequer sobre os negócios com o Banco Insular de Cabo Verde.
Ainda assim, as palavras de Oliveira Costa não deixam de ser contundentes, especialmente quando é o segundo a dizer - depois do antigo responsável do Banco de Portugal, António Marta - que Dias Loureiro mentiu. Ou seja, o grande problema é político e (ainda) não judicial. O cargo de conselheiro de Estado exige uma posição acima de qualquer suspeita. Não podem haver nuvens negras a pairar ou esqueletos no armário. De outra forma, a sua acção está automaticamente condicionada e, pior, condiciona o Presidente da República.
A teimosia de Dias Loureiro - com a cobertura do Presidente da República, que também não sai bem desta fotografia - só serviu para adensar as suspeitas. Loureiro poderia e deveria ter pedido, logo no primeiro minuto, uma suspensão temporária do cargo de conselheiro de Cavaco Silva até que as investigações judiciais chegassem ao fim. Ao fazê-lo apenas ontem, tornou a sua própria situação ainda mais difícil, agravada pelas explicações avançadas.
Porquê? As explicações de Dias Loureiro para pedir a demissão do Conselho de Estado foram curtas, muito curtas. Uma análise fria às últimas 24 horas mostra que, à parte as acusações de Oliveira Costa, não há verdadeiramente nada de novo sobre a sua participação no caso BPN, pelo menos do que se sabe. ‘Apenas' a pressão pública...
Ora, a fotografia que o Diário Económico publica hoje na primeira página diz tudo sobre o momento de Dias Loureiro: sozinho, no estúdio da SIC, a defender-se perante o país.
OBS:
Como já tinha dito, quando Miguel Cadilhe entrou no BPN e acabou por estar cerca de meio ano e recebendo 10 milhões de euros....
É o País onde vivemos...
1 comentário:
não se esqueça de esclarecer os consumidores sobre o novo produto BCP...o das cerejas....
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