As acções do Banco Comercial Português registaram hoje a queda mais acentuada desde Janeiro de 2008, depois de ontem o banco ter apresentado resultados de “baixa qualidade”, de acordo com os analistas. Os títulos anularam parte dos ganhos conseguidos na semana passada e registaram um forte volume, que foi o mais elevado desde Outubro de 2007.
As acções do BCP fecharam a cair 8,88% para 0,759 euros, tendo registado uma queda máxima de 9,72%. A descida de hoje foi a terceira mais forte entre os 38 bancos do DJ Stoxx Banks e a mais acentuada desde 21 de Janeiro de 2008, sessão em que as acções caíram mais de 12%, num dia “negro” para as bolsas mundiais.
O banco esteve a reagir em queda aos resultados apresentados ontem, mas também a corrigirem dos fortes ganhos das últimas sessões. À cotação de fecho de hoje, o BCP estão ao mesmo nível de quarta-feira da semana passada.
A forte queda foi acompanhada de uma liquidez acentuada. Foram transaccionadas mais de 67 milhões de acções, o volume mais elevado desde 25 de Outubro de 2007, o que mostra que muitos investidores optaram hoje por realizar mais valias nas acções. Desde o início de Março os títulos sobem 18,5% e na totalidade do ano perdem 6,87%.
A descida do BCP foi a principal responsável pela desvalorização de mais de 2% registada hoje pelo PSI-20.
O BCP anunciou ontem que os lucros do primeiro semestre subiram para 107 milhões de euros, acima dos 65 milhões de euros estimados pelos analistas contactados pela Reuters. Contudo, os analistas mostraram-se preocupados com a qualidade dos resultados do maior banco privado português.
Numa nota de “research” de hoje, o ESR destaca que os resultados ficaram acima das estimativas, mas diz que estes apresentam uma “qualidade mais baixa”. Excluindo os efeitos extraordinários, o BCP obteve lucros de 85 milhões de euros, o que representa uma quebra de 36% face aos 133 milhões de euros do período homólogo.
“Apesar de ter superado em termos de resultados líquidos (o que poderá originar uma reacção positiva inicial das acções em bolsa), ficamos de alguma forma decepcionados com a qualidade destes resultados”, referem os analistas do ESR.
A casa de investimento destaca que, “mais uma vez, as receitas foram impulsionadas pelo ‘trading’ bem como por itens não recorrentes relacionadas com a unidade em Angola.
O ESR destaca ainda a “deterioração acima do esperado da qualidade dos activos”, devido sobretudo à Polónia. O banco de investimento recomenda “neutral” para o BCP, com um preço-alvo de 0,70 euros.
Polónia e qualidade dos activos preocupam
O CaixaBI assinala que os resultados ficaram acima das estimativas. “Surpreendeu-nos negativamente (mais pela dimensão que pelo efeito em si) o forte impacto negativo na margem financeira (com claro destaque para a operação na Polónia); e positivamente a performance em matéria de ‘trading’ e o desempenho ao nível do controlo de custos”, refere o banco na nota diária de hoje.
O CaixaBI acrescenta que “este conjunto de resultados evidencia ainda alguma insuficiência ao nível da estrutura de capitais do banco” e “no que se refere ao nível de imparidades para crédito” começa a reflectir, “com cada vez maior clareza, o impacto substancial da deterioração económica que se verifica nalguns dos maiores mercados onde o banco opera”.
“Em suma, e embora o resultado líquido tenha sido superior à nossa estimativa, não consideramos esse facto per si positivo, na medida em que parte dessa diferença assenta numa realidade (trading) que nos parece, por agora, difícil de ser sustentável nos próximos trimestres. Adicionalmente, confirma-se um cenário de forte pressão tanto na operação na Polónia como ao nível da qualidade dos activos na actividade consolidada”, conclui o CaixaBI.
1 comentário:
É como a qualidade da auditoria externa... Fraquita...
Enviar um comentário