Ricardo Salgado Espírito Santo Salgado reage por escrito à entrevista de Filipe Pinhal, publicada quinta-feira no Negócios. O presidente executivo do BES repudia as acusações com uma agressividade inédita. "Nunca na sua história centenária o BES foi alvo de tão rematada calúnia e de tão baixa vilania".
O passado dia 10 de Setembro o Dr. Filipe Pinhal deu ao Jornal de Negócios uma entrevista de promoção ao lançamento do livro que anunciou para hoje. O livro de há muito anunciado e só agora aparecido destina-se, a beneficio dos filhos e dos netos, a defender o seu bom nome que considera profundamente afectado pelos incidentes de que foi autor e protagonista na saga inenarrável do BCP, em cuja Administração serviu quase desde a fundação.
É de saudar que finalmente comecem a sair da sombra em que se acobertaram os protagonistas e autores de um circo mediático, que transformou uma indiscutível e respeitável história de sucesso, várias vezes elogiada por mim publicamente, numa lamentável comédia que destruiu a um nível sem precedentes o valor do Banco que geriram; que pôs em causa a credibilidade do sector e do País; e que envergonhou todos aqueles que empenharam as suas vidas e o seu património numa profissão que faz da discrição e do sigilo, da contenção e da prudência, da fidelidade e do dever fiduciários, uma sagrada regra de vida.
É pena porém, que o Dr. Pinhal tenha vindo a terreiro tarde e sobretudo que tenha vindo mal. De facto o Dr. Pinhal pretende resgatar a honra perdida à custa da honra e da integridade de pessoas e de instituições que identifica sem nomear num exercício cínico de cobardia e de hipocrisia.
A tese que percorre a entrevista assenta no pouco que diz e no muito que promete vir a dizer e resume-se ao seguinte:
O quase colapso do BCP e a desonra do escriba deveu-se a uma conspiração tecida entre o Governo e a Família Espírito Santo com o concurso de Reguladores adormecidos e tendenciosos e accionistas ávidos de conquistar um poder maior do que lhe caberia no quadro accionista.
É certo que não refere expressamente a Família Espírito Santo porque a todos toma por parvos referindo que também a família de Horácio Roque controla e gere um Banco. Mas não há ninguém que lendo o texto não veja o dedo apontado ao Banco Espírito Santo como um dos mandantes da execução sumária na praça pública de que o autor se confessa vítima inocente.
Nunca na sua história centenária o BES foi alvo de tão rematada calúnia e de tão baixa vilania.
Como toda a gente sabe, não é do meu carácter nem da minha forma de viver alimentar polémicas inúteis.
Mas as centenas de milhar de accionistas e os milhões de clientes que construíram desde há muito mais de cem anos aquele que é o mais valioso património do BES, nunca me perdoariam se não me desse por achado, não repudiasse e não respondesse à calúnia infame e infundada.
O Dr. Pinhal não precisa de inventar uma conspiração para explicar o terramoto do BCP. Toda a gente sabe que foram as más opções e porventura as más práticas que destruíram a liderança e a coesão sem as quais qualquer projecto em qualquer sector está condenado à ruína.
O Dr. Pinhal procura no escuro aquilo que está à luz do sol e ao alcance de todos.
Há culpados na destruição do valor de um grande Banco? Com certeza que há e toda a gente sabe que os seus nomes constam das listas dos Órgãos de Governo Societário e dos registos de Accionistas do seu próprio Banco.
Perante esta evidência e com o objectivo de obter o resgate do seu nome culpa outros dos erros, má fortuna, simulação e falta de verdade e franqueza, que foi a imagem de marca e a impressão digital que deixaram no processo do BCP muitos dos que constituíram os seus Órgãos Sociais. Entre eles, obviamente o Dr. Pinhal que:
- onde devia responder interroga-se
- onde devia culpar ameaça
- onde devia falar claro, disfarça e fala por enigmas
A forma leviana como se pronuncia e acusa sobre um assunto de tal gravidade mostra bem que se pode passar uma vida inteira numa profissão e passar ao lado do que são os seus valores essenciais. Talvez isto explique muitas das coisas que hoje estão sob escrutínio na História do BCP.
Não me cabe defender os Reguladores nem o Governo com quem o autor aproveita a Campanha Eleitoral para ajustar contas. O BES nunca andou a comprar participações noutros bancos para impor soluções de aquisição mais ou menos hostis. O BES cresceu, com é sabido, por via orgânica. E teve um inegável sucesso na estratégia que persistentemente seguiu.
Insinuar que o BES entrou em conspiração para destruir uma instituição respeitável e crescer sobre os seus destroços constitui uma inqualificável ofensa a quantos, em ambiente de concorrência, ganharam, passo a passo, desde a privatização em 1992, à custa do seu talento e do seu suor, quotas de mercado sistematicamente crescentes.
A História centenária do BES é limpa e transparente. Foi construída por Homens e Mulheres ilustres e por anónimos, pelo que o Dr. Pinhal não tem o direito de a manchar com os seus remorsos nem com os ódios e rancores da guerra que perdeu.
As causas do que aconteceu ao BCP e a si próprio deve o Dr. Pinhal procurá-las na sua consciência e nas práticas de muitos com quem partilhou o pão, o trabalho e os prémios durante dezenas de anos.
Alguém tem sombra de dúvida que a luta sem quartel que se abriu entre os Órgãos de Administração do Banco foi apoiada na violação do mais sagrado dos deveres de um banqueiro: o sigilo bancário?
Tem dúvidas o Dr. Pinhal que a documentação que alimentou a quase destruição do Banco veio a público pelas mãos daqueles com quem esteve ombro a ombro na Administração do Banco? Sabe o Dr. Pinhal onde estão esses responsáveis? Muitos estão entre aqueles que solidariamente o acompanham com votos e abraços no lançamento do seu livro.
Neste País em que a ambição foi substituída pela inveja é corrente tentar manchar o sucesso dos outros pela nódoa da suspeição e da dúvida.
O Dr. Pinhal achou que a teoria da conspiração o absolveria das suas responsabilidades e lhe restituiria a honra perdida.
Enganou-se, mais uma vez, no caminho que escolheu. Um dia a verdade acabará por se impor.
Era bom que o Dr. Pinhal se preparasse para esse momento de confronto com a verdade. Mas, por enquanto, escolheu o caminho errado.
Ao contrário do que é costume nestas andanças, o BES não vai pedir inquéritos nem vai perseguir judicialmente o Dr. Pinhal. Não é preciso. Ele encarregou-se de escrever por sua própria mão a pior condenação que um profissional pode fazer não apenas dos seus erros recentes mas de todo um percurso de vida.
Ricardo Espírito Santo Salgado
Presidente Executivo do Banco Espírito Santo
O passado dia 10 de Setembro o Dr. Filipe Pinhal deu ao Jornal de Negócios uma entrevista de promoção ao lançamento do livro que anunciou para hoje. O livro de há muito anunciado e só agora aparecido destina-se, a beneficio dos filhos e dos netos, a defender o seu bom nome que considera profundamente afectado pelos incidentes de que foi autor e protagonista na saga inenarrável do BCP, em cuja Administração serviu quase desde a fundação.
É de saudar que finalmente comecem a sair da sombra em que se acobertaram os protagonistas e autores de um circo mediático, que transformou uma indiscutível e respeitável história de sucesso, várias vezes elogiada por mim publicamente, numa lamentável comédia que destruiu a um nível sem precedentes o valor do Banco que geriram; que pôs em causa a credibilidade do sector e do País; e que envergonhou todos aqueles que empenharam as suas vidas e o seu património numa profissão que faz da discrição e do sigilo, da contenção e da prudência, da fidelidade e do dever fiduciários, uma sagrada regra de vida.
É pena porém, que o Dr. Pinhal tenha vindo a terreiro tarde e sobretudo que tenha vindo mal. De facto o Dr. Pinhal pretende resgatar a honra perdida à custa da honra e da integridade de pessoas e de instituições que identifica sem nomear num exercício cínico de cobardia e de hipocrisia.
A tese que percorre a entrevista assenta no pouco que diz e no muito que promete vir a dizer e resume-se ao seguinte:
O quase colapso do BCP e a desonra do escriba deveu-se a uma conspiração tecida entre o Governo e a Família Espírito Santo com o concurso de Reguladores adormecidos e tendenciosos e accionistas ávidos de conquistar um poder maior do que lhe caberia no quadro accionista.
É certo que não refere expressamente a Família Espírito Santo porque a todos toma por parvos referindo que também a família de Horácio Roque controla e gere um Banco. Mas não há ninguém que lendo o texto não veja o dedo apontado ao Banco Espírito Santo como um dos mandantes da execução sumária na praça pública de que o autor se confessa vítima inocente.
Nunca na sua história centenária o BES foi alvo de tão rematada calúnia e de tão baixa vilania.
Como toda a gente sabe, não é do meu carácter nem da minha forma de viver alimentar polémicas inúteis.
Mas as centenas de milhar de accionistas e os milhões de clientes que construíram desde há muito mais de cem anos aquele que é o mais valioso património do BES, nunca me perdoariam se não me desse por achado, não repudiasse e não respondesse à calúnia infame e infundada.
O Dr. Pinhal não precisa de inventar uma conspiração para explicar o terramoto do BCP. Toda a gente sabe que foram as más opções e porventura as más práticas que destruíram a liderança e a coesão sem as quais qualquer projecto em qualquer sector está condenado à ruína.
O Dr. Pinhal procura no escuro aquilo que está à luz do sol e ao alcance de todos.
Há culpados na destruição do valor de um grande Banco? Com certeza que há e toda a gente sabe que os seus nomes constam das listas dos Órgãos de Governo Societário e dos registos de Accionistas do seu próprio Banco.
Perante esta evidência e com o objectivo de obter o resgate do seu nome culpa outros dos erros, má fortuna, simulação e falta de verdade e franqueza, que foi a imagem de marca e a impressão digital que deixaram no processo do BCP muitos dos que constituíram os seus Órgãos Sociais. Entre eles, obviamente o Dr. Pinhal que:
- onde devia responder interroga-se
- onde devia culpar ameaça
- onde devia falar claro, disfarça e fala por enigmas
A forma leviana como se pronuncia e acusa sobre um assunto de tal gravidade mostra bem que se pode passar uma vida inteira numa profissão e passar ao lado do que são os seus valores essenciais. Talvez isto explique muitas das coisas que hoje estão sob escrutínio na História do BCP.
Não me cabe defender os Reguladores nem o Governo com quem o autor aproveita a Campanha Eleitoral para ajustar contas. O BES nunca andou a comprar participações noutros bancos para impor soluções de aquisição mais ou menos hostis. O BES cresceu, com é sabido, por via orgânica. E teve um inegável sucesso na estratégia que persistentemente seguiu.
Insinuar que o BES entrou em conspiração para destruir uma instituição respeitável e crescer sobre os seus destroços constitui uma inqualificável ofensa a quantos, em ambiente de concorrência, ganharam, passo a passo, desde a privatização em 1992, à custa do seu talento e do seu suor, quotas de mercado sistematicamente crescentes.
A História centenária do BES é limpa e transparente. Foi construída por Homens e Mulheres ilustres e por anónimos, pelo que o Dr. Pinhal não tem o direito de a manchar com os seus remorsos nem com os ódios e rancores da guerra que perdeu.
As causas do que aconteceu ao BCP e a si próprio deve o Dr. Pinhal procurá-las na sua consciência e nas práticas de muitos com quem partilhou o pão, o trabalho e os prémios durante dezenas de anos.
Alguém tem sombra de dúvida que a luta sem quartel que se abriu entre os Órgãos de Administração do Banco foi apoiada na violação do mais sagrado dos deveres de um banqueiro: o sigilo bancário?
Tem dúvidas o Dr. Pinhal que a documentação que alimentou a quase destruição do Banco veio a público pelas mãos daqueles com quem esteve ombro a ombro na Administração do Banco? Sabe o Dr. Pinhal onde estão esses responsáveis? Muitos estão entre aqueles que solidariamente o acompanham com votos e abraços no lançamento do seu livro.
Neste País em que a ambição foi substituída pela inveja é corrente tentar manchar o sucesso dos outros pela nódoa da suspeição e da dúvida.
O Dr. Pinhal achou que a teoria da conspiração o absolveria das suas responsabilidades e lhe restituiria a honra perdida.
Enganou-se, mais uma vez, no caminho que escolheu. Um dia a verdade acabará por se impor.
Era bom que o Dr. Pinhal se preparasse para esse momento de confronto com a verdade. Mas, por enquanto, escolheu o caminho errado.
Ao contrário do que é costume nestas andanças, o BES não vai pedir inquéritos nem vai perseguir judicialmente o Dr. Pinhal. Não é preciso. Ele encarregou-se de escrever por sua própria mão a pior condenação que um profissional pode fazer não apenas dos seus erros recentes mas de todo um percurso de vida.
Ricardo Espírito Santo Salgado
Presidente Executivo do Banco Espírito Santo
1 comentário:
vi a noticia ... nada que não já tivesse sentido
;)
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