A sucessão virou fratricídio e vêm aí "mais denúncias e acusações preto no branco".
A 13 de Março de 2006 o Millennium bcp oficializou o lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre o BPI. Um ano antes, Jardim Gonçalves, fundador do banco, em 1985, tinha proposto Paulo Teixeira Pinto como seu sucessor em assembleia geral. Estes dois factores, aparentemente positivos para o banco, acabaram por desencadear um pesadelo que dizimaria a imagem do BCP, hoje finalmente saído dos cuidados intensivos mas ainda em convalescença. O que começou numa sucessão acabou no tribunal. Manipulação de mercado, falsificação de contabilidade e burla qualificada. Acusados: Jardim Gonçalves, Cristopher Beck, Filipe Pinhal, Castro Henriques e António Rodrigues. Pelo meio muita roupa suja foi lavada.
Da mão de Joe Berardo, investidor português que assumiu o lado de Teixeira Pinto na guerra pelo poder, saiu a carta que iniciou a queda abrupta de Jardim Gonçalves, o fundador que apesar da idade e dos 37 milhões de euros que levou consigo quando abandonou a presidência do banco, não conseguiu livrar-se do vício do poder. E não deu descanso a Teixeira Pinto no curto - em comparação com as décadas de Gonçalves - e conturbado período em que este liderou o banco. Ou, como sintetizou Joe Berardo: "Fique em casa, a cuidar das galinhas ou não sei quê. O tempo dele já passou."
Na carta e nos documentos entregues, Berardo fez várias denúncias que originaram a acusação elaborada pelo Ministério Público no final de Junho passado. Negócios com dezenas de offshores, que provocaram prejuízos de 800 milhões de euros aos accionistas do BCP, empréstimos perdoados ao filho de Jardim Gonçalves e contabilizados como prejuízo para os accionistas do BCP, aquisição ilícita de acções, contas maquilhadas que levaram ao pagamento de prémios maiores aos administradores do banco... Todo um rol de manobras financeiras referentes ao período de 1999 a 2007 e provavelmente saídas de um qualquer dicionário de "A a Z" sobre fraudes no sector bancário. Além de todas estas acusações, convém ainda sublinhar outros pormenores, não ilícitos criminais, mas roupa suja a ser lavada com um toque de populismo: carros blindados, helicópteros, 40 guarda-costas... tudo para Jardim Gonçalves, tudo pago pelo banco, segundo as várias declarações de Berardo.
Mas na guerra de poder pelo controlo do BCP quem ganhou? "Ninguém. Ou melhor, ganharam os donos das empresas de comunicação social porque venderam mais. Ganharam os jornalistas porque tiveram matéria para escrever, e perderam todos os outros, nomeadamente os investidores." Foi assim que Filipe Pinhal, ex-administrador do BCP, comentou a guerra numa entrevista recente ao "Público". Sobre as acusações? "O processo está em curso, não me pronuncio." Este bancário promete agora para Setembro a publicação de um livro onde "não se recorre ao ajuste de contas, denuncia-se e acusa-se, preto no branco!" Os donos das empresas de comunicação social talvez agradeçam, mas os accionistas há muito que só pedem que o BCP, tal como se pediu para o BPN, saia das primeiras páginas dos jornais, pelo menos pelas más razões.
Quanto a Paulo Teixeira Pinto, que não foi acusado de nenhum crime apesar de na altura dos factos ser secretário-geral do BCP, depois de 12 anos no banco, dedicou-se à escrita e aos livros. Membro do conselho-geral do Grupo Lena, dono do i, publicou em Outubro do ano passado um livro de poesia. Um mês depois a tragédia bateu-lhe à porta. O filho de 20 anos morreu. "É uma doença crónica que se ganha e com a qual se tem de aprender a viver", disse sobre o sucedido Paula Teixeira da Cruz, sua ex-mulher, ao "Expresso" de sábado passado
A 13 de Março de 2006 o Millennium bcp oficializou o lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre o BPI. Um ano antes, Jardim Gonçalves, fundador do banco, em 1985, tinha proposto Paulo Teixeira Pinto como seu sucessor em assembleia geral. Estes dois factores, aparentemente positivos para o banco, acabaram por desencadear um pesadelo que dizimaria a imagem do BCP, hoje finalmente saído dos cuidados intensivos mas ainda em convalescença. O que começou numa sucessão acabou no tribunal. Manipulação de mercado, falsificação de contabilidade e burla qualificada. Acusados: Jardim Gonçalves, Cristopher Beck, Filipe Pinhal, Castro Henriques e António Rodrigues. Pelo meio muita roupa suja foi lavada.
Da mão de Joe Berardo, investidor português que assumiu o lado de Teixeira Pinto na guerra pelo poder, saiu a carta que iniciou a queda abrupta de Jardim Gonçalves, o fundador que apesar da idade e dos 37 milhões de euros que levou consigo quando abandonou a presidência do banco, não conseguiu livrar-se do vício do poder. E não deu descanso a Teixeira Pinto no curto - em comparação com as décadas de Gonçalves - e conturbado período em que este liderou o banco. Ou, como sintetizou Joe Berardo: "Fique em casa, a cuidar das galinhas ou não sei quê. O tempo dele já passou."
Na carta e nos documentos entregues, Berardo fez várias denúncias que originaram a acusação elaborada pelo Ministério Público no final de Junho passado. Negócios com dezenas de offshores, que provocaram prejuízos de 800 milhões de euros aos accionistas do BCP, empréstimos perdoados ao filho de Jardim Gonçalves e contabilizados como prejuízo para os accionistas do BCP, aquisição ilícita de acções, contas maquilhadas que levaram ao pagamento de prémios maiores aos administradores do banco... Todo um rol de manobras financeiras referentes ao período de 1999 a 2007 e provavelmente saídas de um qualquer dicionário de "A a Z" sobre fraudes no sector bancário. Além de todas estas acusações, convém ainda sublinhar outros pormenores, não ilícitos criminais, mas roupa suja a ser lavada com um toque de populismo: carros blindados, helicópteros, 40 guarda-costas... tudo para Jardim Gonçalves, tudo pago pelo banco, segundo as várias declarações de Berardo.
Mas na guerra de poder pelo controlo do BCP quem ganhou? "Ninguém. Ou melhor, ganharam os donos das empresas de comunicação social porque venderam mais. Ganharam os jornalistas porque tiveram matéria para escrever, e perderam todos os outros, nomeadamente os investidores." Foi assim que Filipe Pinhal, ex-administrador do BCP, comentou a guerra numa entrevista recente ao "Público". Sobre as acusações? "O processo está em curso, não me pronuncio." Este bancário promete agora para Setembro a publicação de um livro onde "não se recorre ao ajuste de contas, denuncia-se e acusa-se, preto no branco!" Os donos das empresas de comunicação social talvez agradeçam, mas os accionistas há muito que só pedem que o BCP, tal como se pediu para o BPN, saia das primeiras páginas dos jornais, pelo menos pelas más razões.
Quanto a Paulo Teixeira Pinto, que não foi acusado de nenhum crime apesar de na altura dos factos ser secretário-geral do BCP, depois de 12 anos no banco, dedicou-se à escrita e aos livros. Membro do conselho-geral do Grupo Lena, dono do i, publicou em Outubro do ano passado um livro de poesia. Um mês depois a tragédia bateu-lhe à porta. O filho de 20 anos morreu. "É uma doença crónica que se ganha e com a qual se tem de aprender a viver", disse sobre o sucedido Paula Teixeira da Cruz, sua ex-mulher, ao "Expresso" de sábado passado
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