"Não conheço a senhora!"
por Inês Serra Lopes, Publicado em 11 de Junho de 2010 |
Arguido no Face Oculta diz ignorar que o papel apreendido sobre o caso Banif vinha da PJ
Na semana em que a inspectora da PJ é arguida por violar segredo de justiça, Vara fala sobre o caso, em exclusivo ao i
Na semana em que a inspectora da PJ é arguida por violar segredo de justiça, Vara fala sobre o caso, em exclusivo ao i
"Não conheço a senhora de lado nenhum! Não tinha nem tenho qualquer interesse naquela informação. E nem sequer atribuí a proveniência do documento à Polícia Judiciária", afirmou Armando Vara, em declarações exclusivas ao i. A "senhora" a quem Vara se refere é uma inspectora da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária que foi esta semana constituída arguida no inquérito de violação do segredo de justiça número 240/09.7TELSB.
O processo foi levantado na sequência da apreensão, no âmbito das buscas do caso Face Oculta, no gabinete de Armando Vara, de um documento com dados que estariam em segredo de justiça. Não se tratava de um documento que fizesse parte do processo mas de um resumo da queixa, incluindo as complicadas movimentações financeiras entre sociedades nacionais e outras constituídas em várias praças offshore, através das quais os dólares de Angola circulavam, num complicado circuito que servia, alegadamente, para comprar acções do Banif.
Caso Banif O documento apreendido era composto por três folhas A4. Ao longo de duas folhas e meia eram sintetizados os dados do chamado processo Banif - movido pelo Estado angolano contra três cidadãos portugueses que Angola teria incumbido de comprar 49% das acções do capital do banco Banif. Angola fazia queixa-crime contra o advogado Francisco Cruz Martins, o gestor Eduardo Capela e o tenente-coronel, já falecido, António Figueiredo, contra quem apresentava um pedido cível de quase 105 milhões de euros.
O caso Banif encontra-se arquivado por desistência da queixa do estado angolano, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Lisboa. A desistência do processo, entregue já com as aceitações dos denunciados, no dia 4 de Janeiro deste ano, afirma que o estado angolano já foi totalmente ressarcido do montante que era pedido. Porém, a desistência refere-se apenas à queixa inicial entregue na Procuradoria-Geral da República.
No entanto, o i consultou o processo e verificou que José Ramada Curto, advogado do queixoso estado angolano, fez um aditamento à queixa em que eram denunciadas várias outras pessoas no caso.
O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal autorizou o levantamento de sigilo bancário relativamente a várias testemunhas do próprio queixoso - todas elas altas personalidades do regime de Angola. Assim, o processo arquivado - que a directora do DCIAP chegou a admitir que continuaria quanto a crimes não denunciados mas indiciados no processo, designadamente branqueamento de capitais -, tem seis volumes e 105 apensos com a documentação bancária cujo sigilo foi levantado pelo juiz Carlos Alexandre.
O documento e as datas A questão que se põe: se Armando Vara não conhecia a inspectora, agora constituída arguida e afastada de funções de investigação, e se não tem qualquer interesse no documento, por que razão tinha os papéis no seu gabinete do BCP? "Talvez porque eu era presidente da BMA (Banco Millennium Angola) e alguém tenha achado que devia tomar conhecimento do assunto", explica Vara. "Quando o papel me chegou às mãos, aliás, já tinha saído tudo nos jornais... Designadamente no i", acrescenta ainda.
Verificadas as datas, as buscas ao gabinete do vice-presidente do BCP (agora auto-suspenso) tiveram lugar a 28 de Outubro de 2009. A primeira notícia que saiu é anterior. Foi capa da edição do i do dia 8 de Setembro, com o título "Queixa-crime: Angola reclama 104 milhões desaparecidos no Banif".
"A Minha passividade é uma forma diferente de resistência activa. Passividade frente ao mal, não significa ausência de qualquer resistência e não é mais do que não resistir ao mal, com o mal mas com o bem. A Resistência é assim considerada num outro nível, mais elevado e bem mais efectivo."
"A MINHA VIDA É A MINHA MENSAGEM"
Homem do Milênio
"My nonresistance is active resistance in a different plane. Nonresistance to evil does not mean absence of any resistance whatsoever but it means not resisting evil with evil but with good. Resistance, therefore, is transferred to a higher and absolutely effective plane."
Mahatma Gandhi
por Inês Serra Lopes, Publicado em 11 de Junho de 2010 |
Arguido no Face Oculta diz ignorar que o papel apreendido sobre o caso Banif vinha da PJ
Na semana em que a inspectora da PJ é arguida por violar segredo de justiça, Vara fala sobre o caso, em exclusivo ao i
Na semana em que a inspectora da PJ é arguida por violar segredo de justiça, Vara fala sobre o caso, em exclusivo ao i
"Não conheço a senhora de lado nenhum! Não tinha nem tenho qualquer interesse naquela informação. E nem sequer atribuí a proveniência do documento à Polícia Judiciária", afirmou Armando Vara, em declarações exclusivas ao i. A "senhora" a quem Vara se refere é uma inspectora da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária que foi esta semana constituída arguida no inquérito de violação do segredo de justiça número 240/09.7TELSB.
O processo foi levantado na sequência da apreensão, no âmbito das buscas do caso Face Oculta, no gabinete de Armando Vara, de um documento com dados que estariam em segredo de justiça. Não se tratava de um documento que fizesse parte do processo mas de um resumo da queixa, incluindo as complicadas movimentações financeiras entre sociedades nacionais e outras constituídas em várias praças offshore, através das quais os dólares de Angola circulavam, num complicado circuito que servia, alegadamente, para comprar acções do Banif.
Caso Banif O documento apreendido era composto por três folhas A4. Ao longo de duas folhas e meia eram sintetizados os dados do chamado processo Banif - movido pelo Estado angolano contra três cidadãos portugueses que Angola teria incumbido de comprar 49% das acções do capital do banco Banif. Angola fazia queixa-crime contra o advogado Francisco Cruz Martins, o gestor Eduardo Capela e o tenente-coronel, já falecido, António Figueiredo, contra quem apresentava um pedido cível de quase 105 milhões de euros.
O caso Banif encontra-se arquivado por desistência da queixa do estado angolano, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Lisboa. A desistência do processo, entregue já com as aceitações dos denunciados, no dia 4 de Janeiro deste ano, afirma que o estado angolano já foi totalmente ressarcido do montante que era pedido. Porém, a desistência refere-se apenas à queixa inicial entregue na Procuradoria-Geral da República.
No entanto, o i consultou o processo e verificou que José Ramada Curto, advogado do queixoso estado angolano, fez um aditamento à queixa em que eram denunciadas várias outras pessoas no caso.
O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal autorizou o levantamento de sigilo bancário relativamente a várias testemunhas do próprio queixoso - todas elas altas personalidades do regime de Angola. Assim, o processo arquivado - que a directora do DCIAP chegou a admitir que continuaria quanto a crimes não denunciados mas indiciados no processo, designadamente branqueamento de capitais -, tem seis volumes e 105 apensos com a documentação bancária cujo sigilo foi levantado pelo juiz Carlos Alexandre.
O documento e as datas A questão que se põe: se Armando Vara não conhecia a inspectora, agora constituída arguida e afastada de funções de investigação, e se não tem qualquer interesse no documento, por que razão tinha os papéis no seu gabinete do BCP? "Talvez porque eu era presidente da BMA (Banco Millennium Angola) e alguém tenha achado que devia tomar conhecimento do assunto", explica Vara. "Quando o papel me chegou às mãos, aliás, já tinha saído tudo nos jornais... Designadamente no i", acrescenta ainda.
Verificadas as datas, as buscas ao gabinete do vice-presidente do BCP (agora auto-suspenso) tiveram lugar a 28 de Outubro de 2009. A primeira notícia que saiu é anterior. Foi capa da edição do i do dia 8 de Setembro, com o título "Queixa-crime: Angola reclama 104 milhões desaparecidos no Banif".
"A Minha passividade é uma forma diferente de resistência activa. Passividade frente ao mal, não significa ausência de qualquer resistência e não é mais do que não resistir ao mal, com o mal mas com o bem. A Resistência é assim considerada num outro nível, mais elevado e bem mais efectivo."
"A MINHA VIDA É A MINHA MENSAGEM"
Homem do Milênio
"My nonresistance is active resistance in a different plane. Nonresistance to evil does not mean absence of any resistance whatsoever but it means not resisting evil with evil but with good. Resistance, therefore, is transferred to a higher and absolutely effective plane."
Mahatma Gandhi
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