O sector bancário da Zona Euro irá nos “próximos anos” defrontar-se com “enormes” necessidades de financiamento, advertiu hoje José González-Paramo, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu (BCE).
“Os 20 maiores grupos bancários da Zona Euro têm cerca de 800 mil milhões de euros de dívida de longo prazo que tem de ser refinanciada entre Maio de 2010 e o final de 2012. Este valor representa quase metade da dívida emitida com maturidade superior a um ano”, disse o antigo membro da direcção do Banco de Espanha.
O alerta surge numa nova fase crítica para a banca europeia – e em especial para a ibérica, que está sem conseguir financiar-se, e a socorrer-se, em volumes recorde, ao crédito do BCE
Em Maio, os bancos portugueses pediram emprestado ao BCE um total de 36 mil milhões de euros, valor que compara com os 17,7 mil milhões no mês anterior, noticia hoje o "Diário Económico".
Já os depósitos de bancos europeus no BCE atingiram 369 mil milhões de euros, valor que supera o “abrigado” em Frankfurt após a falência do Lehman Brothers, o que reflecte uma renovada fase de extrema desconfiança no mercado interbancário.
A penalizar a banca ibérica tem estado o risco de os respectivos países entrarem numa situação de incumprimento ou serem forçados a pedir ajuda à comunidade internacional, o que tem tido consequências pesadas para os bancos, que viram os respectivos “ratings” e balanços degradarem-se, à medida que Portugal e Espanha desceram na classificação das agência de risco.
"Patrão" do FMI estará em Madrid na sexta-feira
Pela terceira vez em pouco mais de uma semana, um jornal – desta feita um espanhol, o “El Economista”, e não publicações alemãs – escreve hoje que a União Europeia, o FMI e o Tesouro dos EUA estão a preparar uma linha de crédito de 250 mil milhões de euros para financiar Espanha.
“Posso negar essa notícia de forma categórica”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia. O Governo de Madrid também já negou a notícia do jornal espanhol, mas no mercado a notícia está a ter reflexos.
A “yield” das obrigações espanholas a 10 anos sobe 9 pontos base para 4,882%, elevando o “spread” face à dívida alemã para 216 pontos base, o que, de acordo com a Bloomberg, representa o valor mais elevado desde 1997.
Espanha tem programada para amanhã uma emissão de dívida que pode revelar-se crucial: 3,5 mil milhões de euros.
A operação surge no dia da cimeira europeia que, em Bruxelas, assinala o fim da presidência espanhola da UE e na véspera de uma deslocação de Dominique Straus-Kahn, director-geral do FMI, a Madrid.
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