Risco da falência da Húngria lança caos na Europa: Portugal sobe probabilidade de incumprimento para 27,33%
And so it ends... Exagerado? Duvido. O governo da Húngria admitiu hoje a forte probabilidade de entrar em bancarrota. O que temos a ver com isso? Tudo. Os derivados de seguros de crédito sobre a dívida soberana Austríaca estão a registar a maior subida do dia. A Áustria, recorde-se tem emprestado ao leste Europeu, sobretudo à Hungria, cerca de 70% do seu PIB. A exposição ao risco de incumprimento é brutal, podendo vários bancos austríacos falir em série, sem possibilidade de honrar compromissos. A consequência? A sua nacionalização, no mau hábito que se instalou, e que o governo Austríaco já seguiu anteriormente. As contas públicas da Áustria ficarão a arder no curtíssimo prazo. E a Áustria, recordemos, é um país da zona Euro.
O contágio torna-se inevitável. A Irlanda, igualmente a braços com um problema de insolvência bancária, atingiu hoje o 10º lugar nos países com maior probabilidade incumprimento da dívida. E como os mercados sabem que a Alemanha não pode acudir a todos, o risco de incumprimento de Portugal voltou a disparar para 27,33%, e a Espanha está à porta do top 10 com 22,39%. Na essência, o problema é simples: os investidores sabem que a Alemanha e a França terão primeiro de salvar os seus bancos, fortemente expostos a ligações a leste e à Áustria. Por isso, os PIIGS ficam sem apoio. E por isso o risco de incumprimento da zona periférica do Euro dispara.
Inevitavelmente, a Alemanha e a França estão também a ver o seu risco disparar para níveis inauditos. Porque se sabe que uma operação de financiamento de bancos em grande escala arruinaria as suas bonitas contas públicas. Em suma, por todos os lados, o barco da zona Euro mete água esta Sexta. Na Austria, por exposição directa à Hungria e ao leste em geral. Na Alemanha e na França, pela exposição ao Leste e pelas ligações interbancárias à Austria. Em Portugal, na Irlanda, e em Espanha, por total percepção de que não há capacidade financeira franco-germânica para acudir a tantos incêndios.
O erro do alargamento precipitado a leste está agora claro. A Hungria, e outros como a Polónia, não tinham cultura de mercado e cometeram um erro básico. Para aproveitar as baixas taxas de juro do Euro, esses países endividaram-se em divisas fortes na Suíça e na Áustria. Agora, suportam o custo de terem uma moeda desvalorizada face ao Euro o que agrava a sua incapacidade de cumprir créditos. O risco cambial não foi coberto, porque não havia essa sedimentação de práticas de mercado.
O pânico e a queda generalizada das bolsas Europeias está a levar os investidores a venderem Euros em massa. A cotação EUR/USD dá nota de um mínimo de 4 anos: 1,20 dólares por Euro. Nada que os alemães possam tolerar indefinidamente. A falência da Hungria, que Merkel ignorou desde os avisos da Primavera de 2009, com o contágio à Austria obriga à intervenção germânica. Os PIIGS podem ser as vítimas óbvias de tudo isto. Se além de salvar a Áustria, o eixo Paris-Berlim for ajudar a Europa mediterrânica, o Euro perde qualquer valia, e a inflação dispara na Europa.
O ciclo da dívida em cima de dívida, previsto por Hayeki, potenciado pelo contágio financeiro, vai inevitavelmente punir os países mais endividados. O pacote de austeridade português nunca serviu de nada, e agora ainda menos. Portugal tinha de ter diminuído a sua dívida externa. Ao não o fazer sujeita-se agora a ser um espectador do que parece o início do fim do Euro.
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