A semana passada foi agitada na banca. Começou com rumores de que o BCP não iria abrir as portas na segunda-feira, porque estaria à beira da insolvência.
Seguiu-se o corte na notação de crédito decidido pela Moody's e que abrangeu oito instituições financeiras nacionais. Em cima de tudo isto, multiplicaram-se as opiniões e os palpites sobre o desempenho dos principais bancos nacionais nos testes de "stress" efectuados pelo Banco Central Europeu, cujos resultados serão conhecidos na próxima sexta-feira.
Para um sector que se tem mantido no centro da crise e que esteve, também, na sua origem, a sucessão de eventos penalizou as cotações e reacendeu uma desconfiança sobre a saúde das principais instituições financeiras que parecia em vias de ser superada pela valorização registada em bolsa na semana anterior. O primeiro problema que se detecta nestes acontecimentos está no facto de se basearem em análises e rumores que carecem de uma validação sólida e consistente.
Que os principais bancos portugueses enfrentam dificuldades já era sabido, pela circunstância de a sua liquidez estar a ser assegurada através do BCE, por via da entrega de activos titularizados à autoridade monetária da Zona Euro. O mercado interbancário está praticamente fechado porque quem tem dinheiro para emprestar - às instituições financeiras portugueses, por exemplo - prefere evitar este risco, optando pela realização de depósitos junto do BCE.
Partir daqui para a perspectiva de que o futuro, a curto prazo, é negro para os principais bancos nacionais, pode ser um exercício irresponsável e precipitado, caso as garantias dadas pelo Ministério das Finanças de que não existem "problemas de capital a resolver" se tenha destinado a tranquilizar clientes e investidores, com o indispensável conhecimento de causa para um compromisso desta envergadura. A questão será esclarecida com a divulgação dos resultados dos testes de "stress" mas, se de facto houver necessidade de injecções de capital, restará saber se haverá accionistas com recursos e vontade de o fazer e que alternativas restarão se os dinheiros privados não apareceram para dar a mão aos bancos.
Para os analistas da Moody's, é aqui que está o nó mais complicado de desatar. A descida das notações de crédito foi justificada pela menor capacidade do Estado português de ajudar instituições que venham a necessitar de ajuda, ele próprio apertado por uma crise orçamental que deixa os seus cofres sem qualquer margem de manobra. Nos Estados Unidos, que já realizaram testes de "stress" e aprovaram nova regulamentação para a banca, em contraste com o ritmo de caracol europeu, há a convicção de que os grandes bancos continuam a ser demasiado grandes para poderem falir. A prudência aconselha que o mesmo princípio seja aplicado em Portugal. Neste caso, a pergunta é: o bombeiro Estado tem condições para apagar eventuais fogos?
Sem comentários:
Enviar um comentário