A Grécia não vai conseguir cumprir o pagamento da sua dívida e a União Europeia terá de a resgatar uma vez mais. A opinião é do economista Kenneth Rogoff (na foto), que diz que Portugal e a Grécia entraram prematuramente no euro.
“Sejam quais forem os problemas dos EUA, os da Europa são piores. É certo que que o FMI e a União Europeia anunciaram um avultado apoio à Grécia, mas – historicamente - uma em cada três intervenções do FMI falharam no objectivo de impedir um incumprimento da dívida soberana. E isso costuma acontecer um ano depois da atribuição das ajudas”, referiu Rogoff numa conferência em Boston, citado pela “Advisors News”.
O professor de Políticas Públicas da Universidade de Harvard foi mais longe e afirmou que “a Grécia não vai conseguir cumprir as suas obrigações de pagamento da dívida”. Em resposta a isso, Rogoff considera que a UE não terá grande escolha senão resgatar a República Helénica uma vez mais.
O economista, aludindo ao facto de se falar que a UE tem agora a sua própria “bazuca” [o fundo de estabilização financeira no valor de 750 mil milhões de euros], deixou um conselho: “se vão apontar uma bazuca a alguém, certifiquem-se de que está carregada”.
Parte do problema deste pacote de resgate, na opinião de Rogoff, citado pela “Advisors News”, está no facto de a própria Grécia e os restantes membros dos chamados PIIGS – Portugal, Itália, Irlanda e Espanha – terem de contribuir para esse fundo, quando é muito possível que num futuro não muito distante precisem eles próprios de ser resgatados.
Saídas temporárias do euro
Rogoff não descarta a possibilidade de algumas nações incumpridoras poderem ser “retiradas” do euro, uma vez que não será viável resgatar todos os membros que fiquem em apuros. Na sua opinião, se a Grécia não for capaz de honrar os seus compromissos, poderá ser suspensa da Zona Euro como advertência para os restantes 15 membros.
E apesar da aparente robustez económica da Alemanha, este país tem os seus próprios problemas, nomeadamente em matéria de demografia, já que a sua população está em envelhecimento, sublinhou o economista.
Em entrevista à Bloomberg, Rogoff disse que nem o pacote de resgate criado pela UE e pelo FMI será suficiente para impedir os incumprimentos da dívida soberana. O que é preciso, segundo o economista, é um mecanismo que permita a países como a Grécia saírem do euro.
“Seria saudavelmente positivo se a UE encontrasse uma forma de permitir que os países que precisam de reestruturar as suas contas pudessem sair temporariamente do euro e reentrar mais tarde”, declarou.
Portugal integrou demasiado cedo a Zona Euro
Para este economista, que escreveu em co-autoria com Carmen Reinhart o livro intitulado “This Time is Different” [Desta vez é Diferente] – um estudo sobre oito séculos de crises financeiras, Lisboa e Atenas integraram demasiado cedo a Zona Euro.
“A Grécia e Portugal, em particular, entraram no euro prematuramente”, disse, quando questionado sobre se a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha estavam preparados para o euro.
“Teria sido melhor para todos se eles tivessem passado por um período de transição mais longo”, afirmou à Bloomberg.
Houve demasiada flexibilidade
“De qualquer das formas, toda a Zona Euro foi demasiado flexível com os limites da dívida impostos no Tratado de Maastricht e agora eles estão a pagar o preço”, sublinhou.
Segundo Rogoff, se a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha forem analisados como mercados emergentes, a sua actual dívida é demasiado elevada. “A dívida externa total da Grécia corresponde a mais de 170% do PIB. A da Irlanda chega aos 300%”, exemplificou.
O professor de Harvard relembrou à Bloomberg que o dinheiro do pacote de resgate provém também dos países actualmente em dificuldades. “A principal questão é saber se esses países conseguirão sustentar o aperto orçamental durante o período necessário para melhorarem os seus rácios da dívida. Todos eles estão em recessão ou à beira da recessão. Por isso, as suas dívidas vão aumentar”, comentou.
“Analisem o programa [de austeridade] da Grécia, que é extremo. É suposto eles estarem em recessão durante mais dois anos. No final desse prazo, o seu rácio da dívida face ao PIB terá passado de cerca de 120% para 150%. De certeza que vão acabar por entrar de novo numa situação de incumprimento. Uma coisa é tomar uma decisão de Ano Novo, outra coisa é mantê-la”, concluiu Rogoff.
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“Sejam quais forem os problemas dos EUA, os da Europa são piores. É certo que que o FMI e a União Europeia anunciaram um avultado apoio à Grécia, mas – historicamente - uma em cada três intervenções do FMI falharam no objectivo de impedir um incumprimento da dívida soberana. E isso costuma acontecer um ano depois da atribuição das ajudas”, referiu Rogoff numa conferência em Boston, citado pela “Advisors News”.
O professor de Políticas Públicas da Universidade de Harvard foi mais longe e afirmou que “a Grécia não vai conseguir cumprir as suas obrigações de pagamento da dívida”. Em resposta a isso, Rogoff considera que a UE não terá grande escolha senão resgatar a República Helénica uma vez mais.
O economista, aludindo ao facto de se falar que a UE tem agora a sua própria “bazuca” [o fundo de estabilização financeira no valor de 750 mil milhões de euros], deixou um conselho: “se vão apontar uma bazuca a alguém, certifiquem-se de que está carregada”.
Parte do problema deste pacote de resgate, na opinião de Rogoff, citado pela “Advisors News”, está no facto de a própria Grécia e os restantes membros dos chamados PIIGS – Portugal, Itália, Irlanda e Espanha – terem de contribuir para esse fundo, quando é muito possível que num futuro não muito distante precisem eles próprios de ser resgatados.
Saídas temporárias do euro
Rogoff não descarta a possibilidade de algumas nações incumpridoras poderem ser “retiradas” do euro, uma vez que não será viável resgatar todos os membros que fiquem em apuros. Na sua opinião, se a Grécia não for capaz de honrar os seus compromissos, poderá ser suspensa da Zona Euro como advertência para os restantes 15 membros.
E apesar da aparente robustez económica da Alemanha, este país tem os seus próprios problemas, nomeadamente em matéria de demografia, já que a sua população está em envelhecimento, sublinhou o economista.
Em entrevista à Bloomberg, Rogoff disse que nem o pacote de resgate criado pela UE e pelo FMI será suficiente para impedir os incumprimentos da dívida soberana. O que é preciso, segundo o economista, é um mecanismo que permita a países como a Grécia saírem do euro.
“Seria saudavelmente positivo se a UE encontrasse uma forma de permitir que os países que precisam de reestruturar as suas contas pudessem sair temporariamente do euro e reentrar mais tarde”, declarou.
Portugal integrou demasiado cedo a Zona Euro
Para este economista, que escreveu em co-autoria com Carmen Reinhart o livro intitulado “This Time is Different” [Desta vez é Diferente] – um estudo sobre oito séculos de crises financeiras, Lisboa e Atenas integraram demasiado cedo a Zona Euro.
“A Grécia e Portugal, em particular, entraram no euro prematuramente”, disse, quando questionado sobre se a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha estavam preparados para o euro.
“Teria sido melhor para todos se eles tivessem passado por um período de transição mais longo”, afirmou à Bloomberg.
Houve demasiada flexibilidade
“De qualquer das formas, toda a Zona Euro foi demasiado flexível com os limites da dívida impostos no Tratado de Maastricht e agora eles estão a pagar o preço”, sublinhou.
Segundo Rogoff, se a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha forem analisados como mercados emergentes, a sua actual dívida é demasiado elevada. “A dívida externa total da Grécia corresponde a mais de 170% do PIB. A da Irlanda chega aos 300%”, exemplificou.
O professor de Harvard relembrou à Bloomberg que o dinheiro do pacote de resgate provém também dos países actualmente em dificuldades. “A principal questão é saber se esses países conseguirão sustentar o aperto orçamental durante o período necessário para melhorarem os seus rácios da dívida. Todos eles estão em recessão ou à beira da recessão. Por isso, as suas dívidas vão aumentar”, comentou.
“Analisem o programa [de austeridade] da Grécia, que é extremo. É suposto eles estarem em recessão durante mais dois anos. No final desse prazo, o seu rácio da dívida face ao PIB terá passado de cerca de 120% para 150%. De certeza que vão acabar por entrar de novo numa situação de incumprimento. Uma coisa é tomar uma decisão de Ano Novo, outra coisa é mantê-la”, concluiu Rogoff.
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