Mesmo que o desemprego não lhes bata à porta, todos os estratos da população acabam por sentir os efeitos da crise e até há quem possa ganhar com ela, defendem especialistas contactados pela agência Lusa.
"As crises, e esta em particular, que é muito intensa, têm um efeito psicológico em todas as pessoas", afirma o politólogo Pedro Adão e Silva, segundo o qual há "uma espécie de receio por contaminação".
"Afecta todos. Com o actual desemprego é difícil não conhecer alguém nesta situação", diz.
Mesmo entre os mais desafogados, a crise acaba por influenciar padrões de consumo porque "as pessoas ficam mais receosas" e tendem a ser mais conservadoras, "por força da incerteza associada ao contexto".
"Não são só os mais afectados, todos os outros ficam mais expostos", prossegue, acrescentando que os indicadores do clima de confiança revelam, nestes contextos, "um pessimismo natural".
"O desemprego é um indicador que condensa outros indicadores e a forma como o conjunto da sociedade se posiciona sobre o futuro e o presente. Gera quebra de confiança e não só naqueles que são afectados directamente", explica.
Segundo o especialista em Ciência Política, nestas situações o que tende a acontecer entre as pessoas com rendimento disponível é poupar ou amortizar dívidas: "O que acontece menos é consumirem".
Assim, "à depressão e recessão económica junta-se a diminuição do consumo", o que agrava a situação, observa.
"É por isso que as crises e recessões profundas como esta têm de ser alavancadas, não pelo consumo privado, mas pelo investimento público. Tende a acontecer sempre isto", recorda.
Pedro Adão e Silva acentua que Portugal não sairá da crise enquanto não houver ganhos significativos da parte do emprego, não só pelo efeito económico directo, mas também pela forma como altera a percepção social. "E isso não acontecerá de certo em 2010", antevê.
Para o sociólogo Albertino Gonçalves, a crise é "uma atmosfera" que envolve toda a sociedade.
"As pessoas quando estão com os amigos e vêem televisão, partilham este discurso", refere, sublinhando que a crise "mexe com sentimentos de insegurança", pondo em causa "até onde podem ir os projectos, a confiança".
"Num ambiente de crise, a gente não deixa de pensar se acontece aos outros, também nos pode acontecer", exemplifica o especialista da Universidade do Minho.
Por outro lado, os discursos dos políticos "afinam pelo mesmo diapasão", o que "acaba por criar uma massagem. Ao princípio não dói, mas vai moendo".
"Parece que se orquestram todos para ir no mesmo sentido", assinala, frisando que os discursos da crise são "quase totalitários", ou seja, "reduzem-se a meia dúzia de verdades cheias e não se sai daí. São pouco elaborados".
Discursos esses que vão do Presidente da República aos líderes partidários, passando pelos media e comentadores: "É terrível essa litania porque é feita de consensos. Parece que a saída da crise é mais um brilhantismo dos executantes", refere.
De acordo com este especialista, a tendência global de comportamento entre os cidadãos com capacidade económica é continuarem a consumir e investir, mas "sempre que o fazem ouvem o grilo falante a dizer tem cuidado".
"As coisas fazem-se de pé atrás e toda a gente sabe que isso não é a mesma coisa. A atitude perante o risco muda muito", indica.
Origina-se assim a uma sociedade mais comedida, devido ao "aumento dos patamares de incerteza", enquanto, ao mesmo tempo, um conjunto de sectores ganha "um certo ânimo com a crise".
"Uma empresa que funcione bem pode ter um ganho com a crise, pode negociar melhor" e se houver investimento do Estado as empresas de construção civil também "ganham novo fôlego"...
"As crises, e esta em particular, que é muito intensa, têm um efeito psicológico em todas as pessoas", afirma o politólogo Pedro Adão e Silva, segundo o qual há "uma espécie de receio por contaminação".
"Afecta todos. Com o actual desemprego é difícil não conhecer alguém nesta situação", diz.
Mesmo entre os mais desafogados, a crise acaba por influenciar padrões de consumo porque "as pessoas ficam mais receosas" e tendem a ser mais conservadoras, "por força da incerteza associada ao contexto".
"Não são só os mais afectados, todos os outros ficam mais expostos", prossegue, acrescentando que os indicadores do clima de confiança revelam, nestes contextos, "um pessimismo natural".
"O desemprego é um indicador que condensa outros indicadores e a forma como o conjunto da sociedade se posiciona sobre o futuro e o presente. Gera quebra de confiança e não só naqueles que são afectados directamente", explica.
Segundo o especialista em Ciência Política, nestas situações o que tende a acontecer entre as pessoas com rendimento disponível é poupar ou amortizar dívidas: "O que acontece menos é consumirem".
Assim, "à depressão e recessão económica junta-se a diminuição do consumo", o que agrava a situação, observa.
"É por isso que as crises e recessões profundas como esta têm de ser alavancadas, não pelo consumo privado, mas pelo investimento público. Tende a acontecer sempre isto", recorda.
Pedro Adão e Silva acentua que Portugal não sairá da crise enquanto não houver ganhos significativos da parte do emprego, não só pelo efeito económico directo, mas também pela forma como altera a percepção social. "E isso não acontecerá de certo em 2010", antevê.
Para o sociólogo Albertino Gonçalves, a crise é "uma atmosfera" que envolve toda a sociedade.
"As pessoas quando estão com os amigos e vêem televisão, partilham este discurso", refere, sublinhando que a crise "mexe com sentimentos de insegurança", pondo em causa "até onde podem ir os projectos, a confiança".
"Num ambiente de crise, a gente não deixa de pensar se acontece aos outros, também nos pode acontecer", exemplifica o especialista da Universidade do Minho.
Por outro lado, os discursos dos políticos "afinam pelo mesmo diapasão", o que "acaba por criar uma massagem. Ao princípio não dói, mas vai moendo".
"Parece que se orquestram todos para ir no mesmo sentido", assinala, frisando que os discursos da crise são "quase totalitários", ou seja, "reduzem-se a meia dúzia de verdades cheias e não se sai daí. São pouco elaborados".
Discursos esses que vão do Presidente da República aos líderes partidários, passando pelos media e comentadores: "É terrível essa litania porque é feita de consensos. Parece que a saída da crise é mais um brilhantismo dos executantes", refere.
De acordo com este especialista, a tendência global de comportamento entre os cidadãos com capacidade económica é continuarem a consumir e investir, mas "sempre que o fazem ouvem o grilo falante a dizer tem cuidado".
"As coisas fazem-se de pé atrás e toda a gente sabe que isso não é a mesma coisa. A atitude perante o risco muda muito", indica.
Origina-se assim a uma sociedade mais comedida, devido ao "aumento dos patamares de incerteza", enquanto, ao mesmo tempo, um conjunto de sectores ganha "um certo ânimo com a crise".
"Uma empresa que funcione bem pode ter um ganho com a crise, pode negociar melhor" e se houver investimento do Estado as empresas de construção civil também "ganham novo fôlego"...
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