Eis que vai chegando o ano de 2010. Se 2009 foi um ano tão mau para tantos, infelizmente, as previsões para o ano de 2010 são ainda mais negras. Já nem os optimistas de turno, esses fiéis militantes da causa anti-Velho do Restelo que nos prometem sempre que a luz ao fundo do túnel está ao virar da próxima esquina, esses que ainda acreditam nas boas venturas do actual sistema político e constitucional que nos governa, já nem eles falam de um 2010 radiante, cheio de boas notícias. Definitivamente a crise não terminou em 2009 como tantos irresponsáveis que nos governam disseram durante as recentes campanhas eleitorais.
Desde logo, 2010 marca a nossa primeira década de estagnação económica e empobrecimento relativo. Agora evidentemente agravada pela crise internacional. Fala-se da década perdida.
Grave erro de análise. Estamos claramente já embalados numa segunda década perdida. As perspectivas económicas são tão negativas até 2013 ou 2015 que, na verdade, bem podemos falar de uma geração perdida.
Junta-se uma crise orçamental gravíssima. Como parecem agora profundamente patéticas as palavras do primeiro-ministro, em 2007, quando anunciou que era o primeiro chefe de governo a conseguir a consolidação orçamental em democracia (falamos de um défice inferior a 3%, porque evidentemente a consolidação orçamental é um défice zero, coisa que em democracia nunca aconteceu). Desta vez, a coisa é ainda bem mais delicada. O primeiro-ministro já anunciou que não haverá aumento de impostos até ao fim da legislatura, ao contrário do que já anunciaram os governos grego e espanhol (sim, o mesmo Zapatero, tão querido dos nossos socialistas de verdade). Por outro, o primeio-ministro não pode reduzir os salários da administração pública em 10% ou 20%, como apontam os governos irlandês e britânico. Dada a situação das economias do Sul da Europa, não me parece provável que a União Europeia aceite mais contabilidade pública criativa, com truques de magia. Ainda menos me parece que a União Europeia ficará satisfeita com receitas extraordinárias, quando a Espanha, a Grécia, a Itália e a Irlanda seguem orçamentos para 2010 socialmente e politicamente muito complicados.
Responder a tudo isto com a regionalização e obras públicas megalómanas (que o primeiro-ministro não conseguiu efectivar durante os mais de quatro anos em que teve maioria absoluta), é certamente demencial.
Levamos também para 2010 uma crise política. Mas esta pelo menos parece-me fácil de solucionar. Em Outubro, o PS decidiu governar em minoria porque o primeiro-ministro entendeu que os 36% de votos que teve são um mero interlúdio entre duas maiorias absolutas. Quanto mais depressa façamos um teste ao diagnóstico do primeiro-ministro, melhor para todos.
Esperemos pois por eleições legislativas entre Abril e Junho. Ou o primeiro-ministro tem razão, o PS volta a ter maioria absoluta, e podem pela segunda vez salvar Portugal. Ou o primeiro-ministro não tem razão, as novas eleições confirmam em traços gerais a actual configuração parlamentar, e o PS tem que mudar de líder porque o actual não sabe, não pode, não quer governar em coligação (que é evidentemente a única solução estável). Esperemos que o primeiro-ministro desta vez tenha a coragem de dizer ao eleitorado "ou a maioria absoluta, ou nada"...
Mas a mais grave crise que continuará em 2010 é a erosão da credibilidade das nossas instituições, do nosso sistema político e constitucional, da nossa sociedade em geral. A corrupção e o amiguismo continuaram a dominar a nossa agenda pública. Certamente teremos mais escândalos. E certamente os actuais processos judiciais em curso vão acabar numa mão cheia de nada. A profundíssima crise da justiça continuará a alastrar. Evidentemente que teremos mais pacotes legislativos, mais medidas avulsas, mais promessas de soluções que nunca chegam. E já sabemos a resposta: tudo será apurado até às últimas consequências doa a quem doer. Como sempre foi!
Precisamos urgentemente de uma regeneração do regime, mas não se vislumbra como vai surgir. Estamos em 2010 como estávamos em 2000. Metidos num pântano político e económico. Mas decorridos dez anos, a esperança de sair deste processo de empobrecimento relativo no qual nos habituámos a viver é cada vez mais pequena!
Grave erro de análise. Estamos claramente já embalados numa segunda década perdida. As perspectivas económicas são tão negativas até 2013 ou 2015 que, na verdade, bem podemos falar de uma geração perdida.
Junta-se uma crise orçamental gravíssima. Como parecem agora profundamente patéticas as palavras do primeiro-ministro, em 2007, quando anunciou que era o primeiro chefe de governo a conseguir a consolidação orçamental em democracia (falamos de um défice inferior a 3%, porque evidentemente a consolidação orçamental é um défice zero, coisa que em democracia nunca aconteceu). Desta vez, a coisa é ainda bem mais delicada. O primeiro-ministro já anunciou que não haverá aumento de impostos até ao fim da legislatura, ao contrário do que já anunciaram os governos grego e espanhol (sim, o mesmo Zapatero, tão querido dos nossos socialistas de verdade). Por outro, o primeio-ministro não pode reduzir os salários da administração pública em 10% ou 20%, como apontam os governos irlandês e britânico. Dada a situação das economias do Sul da Europa, não me parece provável que a União Europeia aceite mais contabilidade pública criativa, com truques de magia. Ainda menos me parece que a União Europeia ficará satisfeita com receitas extraordinárias, quando a Espanha, a Grécia, a Itália e a Irlanda seguem orçamentos para 2010 socialmente e politicamente muito complicados.
Responder a tudo isto com a regionalização e obras públicas megalómanas (que o primeiro-ministro não conseguiu efectivar durante os mais de quatro anos em que teve maioria absoluta), é certamente demencial.
Levamos também para 2010 uma crise política. Mas esta pelo menos parece-me fácil de solucionar. Em Outubro, o PS decidiu governar em minoria porque o primeiro-ministro entendeu que os 36% de votos que teve são um mero interlúdio entre duas maiorias absolutas. Quanto mais depressa façamos um teste ao diagnóstico do primeiro-ministro, melhor para todos.
Esperemos pois por eleições legislativas entre Abril e Junho. Ou o primeiro-ministro tem razão, o PS volta a ter maioria absoluta, e podem pela segunda vez salvar Portugal. Ou o primeiro-ministro não tem razão, as novas eleições confirmam em traços gerais a actual configuração parlamentar, e o PS tem que mudar de líder porque o actual não sabe, não pode, não quer governar em coligação (que é evidentemente a única solução estável). Esperemos que o primeiro-ministro desta vez tenha a coragem de dizer ao eleitorado "ou a maioria absoluta, ou nada"...
Mas a mais grave crise que continuará em 2010 é a erosão da credibilidade das nossas instituições, do nosso sistema político e constitucional, da nossa sociedade em geral. A corrupção e o amiguismo continuaram a dominar a nossa agenda pública. Certamente teremos mais escândalos. E certamente os actuais processos judiciais em curso vão acabar numa mão cheia de nada. A profundíssima crise da justiça continuará a alastrar. Evidentemente que teremos mais pacotes legislativos, mais medidas avulsas, mais promessas de soluções que nunca chegam. E já sabemos a resposta: tudo será apurado até às últimas consequências doa a quem doer. Como sempre foi!
Precisamos urgentemente de uma regeneração do regime, mas não se vislumbra como vai surgir. Estamos em 2010 como estávamos em 2000. Metidos num pântano político e económico. Mas decorridos dez anos, a esperança de sair deste processo de empobrecimento relativo no qual nos habituámos a viver é cada vez mais pequena!
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