BCP no mínimo histórico leva Bolsa a cair ainda mais fundo
PEDRO FERREIRA ESTEVES
Mercados. Banco já só vale 4905 milhões de euros
PSI-20 voltou a afundar (-3,75%) e já está no mínimo desde 2005
Já está muito longe a "linha da vida" que, em Março de 2006, o então presidente Paulo Teixeira Pinto fixou em 10 mil milhões de euros como patamar mínimo para o BCP sobreviver sozinho. E ainda mais longe está o valor justo calculado pelos analistas do Citigroup nos 3,47 euros, implícito no rácio de troca da proposta de fusão lançada pelo BPI e recusada pela administração do BCP, liderada por Filipe Pinhal. As acções do BCP negociaram, ontem, nos 1,025 euros, o valor mais baixo de sempre. Tendo em conta o fecho nos 1,045 euros, o banco está avaliado em cerca de 4900 milhões de euros, extremamente longe dos 15 mil milhões que chegou a valer há apenas dois anos, na ressaca da oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre o BPI.
"Há no mercado um grande receio de que se concretize uma recessão económica. E, no caso dos bancos, teme-se que os balanços não estejam tão sólidos como se esperava", explicou ao DN um analista que pediu para não ser identificado.
O BCP é, devido ao seu peso no índice e à desaceleração de 24% sofrida só em Julho, um dos principais motores da queda do PSI-20. Em 2008, as acções já perderam 60%, um desempenho negativo só ultrapassado pelo grupo Sonae. O mínimo histórico ganha relevância simbólica por ter sido atingido seis meses depois do dia em que o novo presidente, Carlos Santos Ferreira, assumiu a presidência do banco. Desde então, os títulos caíram 53% e estão do topo das perdas no PSI-20.
Mas o BCP não está sozinho. O BPI caiu 5% e vale apenas 2,23 euros. Muito longe dos sete euros por acção oferecidos na recusada OPA de Teixeira Pinto. Em 2008, está a perder 57% e os títulos estão no valor mais baixo desde Março de 2003. Quanto ao BES, a sua perda no ano é menor (-43,5%) mas o preço de 8,47 euros das acções representa um mínimo desde Outubro de 2002.
"Estamos em plena bolha depressiva, há uma grande desconfiança sobre os activos dos bancos e deverão estar a surgir revisões violentas dos lucros trimestrais", completou o mesmo perito. Recorde-se que o BCP, BPI e BES apresentam contas na próxima semana.
Os analistas afastam, contudo, o risco de um choque sistémico que ponha em causa a própria actividade central dos bancos, obrigando à intervenção estatal. O facto de o sector imobiliário português não estar numa crise tão grave como, por exemplo, em Espanha ou no Reino Unido, é um dos factores que impede, para já, esse cenário.
Banca mundial em crise
Embora as perdas dos bancos portugueses sejam superiores às dos pares europeus - devido ao efeito periférico da economia portuguesa -, a realidade é que o sentimento geral em relação ao sector é depressivo. A recente ajuda das autoridades federais às duas maiores empresas de crédito hipotecário dos EUA juntaram-se aos graves danos já provocados pela crise do subprime nas contas da banca norte-americana. Um exemplo da gravidade do actual problema do sector - traduzido no receio dos investidores sobre o eventual surgimento de novas falências - é a queda das acções do Citigroup para o valor mais baixo de sempre.
Na Europa, o índice que agrupa os maiores bancos da região está a cair 40% em 2008 e encontra-se no mínimo desde Abril de 2003.
COMENTÁRIOS:
arioso
No Brasil, País do dito 3º Mundo, encontram-se presos o banqueiro todo-poderoso Daniel Dantas, um ex-prefeito (autarca) de São Paulo, a maior cidade do País,o CEO da Brasil Telecom, Humberto Vaz, e mais 14 pessoas, sob a acusação de fraude e corrupção, entre outras. Terão movimentado, entre 1994 e 2002, cerca de 2 mil milhões de dólares sob o véu de off-shores. Lá, País de terceiro mundo, o que é de carácter policial é cuidado pela polícia e, depois, investigado, a fundo, pelo Congresso Nacional. Talvez, quem sabe, num futuro não muito distante, Portugal possa ter criminosos a serem ouvidos pela polícia antes que se lhes estendam tapetes vermelhos para entrar no Parlamento. Como diria o bardo: ' Sonhos de uma Noite de Verão'. PS: Não estou a falar dos cidadãos americanos, julgados por fraude em seu País de origem e que cumprem pena pelos crimes financeiros lá cometidos. Como na Alemanha ou Itália. Falo só do Brasil.
JCG
A complexa diarreia normativa e a supervisão bancária
O Banco de Portugal não só exerce a supervisão sobre o sector bancário português como produz as normas ou traduz e interpreta normas produzidas a montante (União Europeia e Governo Português) que pautam e delimitam o exercício da actividade bancária em Portugal. Pois bem, a produção normativa do BdP é péssima, em quantidade (uma autêntica diarreia) e em qualidade (deficiente clareza na esquematização e até no uso da língua portuguesa, inconsistência, falta de objectividade, ausência de pragmatismo, etc.), aliás reproduzindo todos os (maus) tiques da produção legislativa e normativa nacional, nos diversos domínios, na esteira de uma cultura dominante e dominadora nas faculdades de direito, que entende a geração de complexidade e de falta de clareza nas normas como um factor de sobrevalorização do papel dos juristas. Tudo isto foi brutalmente agravado nos últimos 3 anos, com a introdução de duas inovações radicais na banca: a aplicação das normas internacionais de contabilidade e o acordo de Basileia II. Se estas duas inovações já tinham, por si, complexidade bastante, o BdP, pela forma atabalhoada e deficiente como geriu os processos, adicionou mais complexidade, obrigando os bancos a mobilizar avultados recursos para resolver autênticos quebra-cabeças normativos criados pelo BdP. Tal facto tem duas consequências: a 1ª é a de que mais complexidade gera mais oportunidades para quem quer aldrabar; a 2ª é a de que mesmo aqueles que querem cumprir as normas acabam por, involuntariamente, não o conseguir, num ponto ou noutro.
PSI-20 voltou a afundar (-3,75%) e já está no mínimo desde 2005
Já está muito longe a "linha da vida" que, em Março de 2006, o então presidente Paulo Teixeira Pinto fixou em 10 mil milhões de euros como patamar mínimo para o BCP sobreviver sozinho. E ainda mais longe está o valor justo calculado pelos analistas do Citigroup nos 3,47 euros, implícito no rácio de troca da proposta de fusão lançada pelo BPI e recusada pela administração do BCP, liderada por Filipe Pinhal. As acções do BCP negociaram, ontem, nos 1,025 euros, o valor mais baixo de sempre. Tendo em conta o fecho nos 1,045 euros, o banco está avaliado em cerca de 4900 milhões de euros, extremamente longe dos 15 mil milhões que chegou a valer há apenas dois anos, na ressaca da oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre o BPI.
"Há no mercado um grande receio de que se concretize uma recessão económica. E, no caso dos bancos, teme-se que os balanços não estejam tão sólidos como se esperava", explicou ao DN um analista que pediu para não ser identificado.
O BCP é, devido ao seu peso no índice e à desaceleração de 24% sofrida só em Julho, um dos principais motores da queda do PSI-20. Em 2008, as acções já perderam 60%, um desempenho negativo só ultrapassado pelo grupo Sonae. O mínimo histórico ganha relevância simbólica por ter sido atingido seis meses depois do dia em que o novo presidente, Carlos Santos Ferreira, assumiu a presidência do banco. Desde então, os títulos caíram 53% e estão do topo das perdas no PSI-20.
Mas o BCP não está sozinho. O BPI caiu 5% e vale apenas 2,23 euros. Muito longe dos sete euros por acção oferecidos na recusada OPA de Teixeira Pinto. Em 2008, está a perder 57% e os títulos estão no valor mais baixo desde Março de 2003. Quanto ao BES, a sua perda no ano é menor (-43,5%) mas o preço de 8,47 euros das acções representa um mínimo desde Outubro de 2002.
"Estamos em plena bolha depressiva, há uma grande desconfiança sobre os activos dos bancos e deverão estar a surgir revisões violentas dos lucros trimestrais", completou o mesmo perito. Recorde-se que o BCP, BPI e BES apresentam contas na próxima semana.
Os analistas afastam, contudo, o risco de um choque sistémico que ponha em causa a própria actividade central dos bancos, obrigando à intervenção estatal. O facto de o sector imobiliário português não estar numa crise tão grave como, por exemplo, em Espanha ou no Reino Unido, é um dos factores que impede, para já, esse cenário.
Banca mundial em crise
Embora as perdas dos bancos portugueses sejam superiores às dos pares europeus - devido ao efeito periférico da economia portuguesa -, a realidade é que o sentimento geral em relação ao sector é depressivo. A recente ajuda das autoridades federais às duas maiores empresas de crédito hipotecário dos EUA juntaram-se aos graves danos já provocados pela crise do subprime nas contas da banca norte-americana. Um exemplo da gravidade do actual problema do sector - traduzido no receio dos investidores sobre o eventual surgimento de novas falências - é a queda das acções do Citigroup para o valor mais baixo de sempre.
Na Europa, o índice que agrupa os maiores bancos da região está a cair 40% em 2008 e encontra-se no mínimo desde Abril de 2003.
COMENTÁRIOS:
arioso
No Brasil, País do dito 3º Mundo, encontram-se presos o banqueiro todo-poderoso Daniel Dantas, um ex-prefeito (autarca) de São Paulo, a maior cidade do País,o CEO da Brasil Telecom, Humberto Vaz, e mais 14 pessoas, sob a acusação de fraude e corrupção, entre outras. Terão movimentado, entre 1994 e 2002, cerca de 2 mil milhões de dólares sob o véu de off-shores. Lá, País de terceiro mundo, o que é de carácter policial é cuidado pela polícia e, depois, investigado, a fundo, pelo Congresso Nacional. Talvez, quem sabe, num futuro não muito distante, Portugal possa ter criminosos a serem ouvidos pela polícia antes que se lhes estendam tapetes vermelhos para entrar no Parlamento. Como diria o bardo: ' Sonhos de uma Noite de Verão'. PS: Não estou a falar dos cidadãos americanos, julgados por fraude em seu País de origem e que cumprem pena pelos crimes financeiros lá cometidos. Como na Alemanha ou Itália. Falo só do Brasil.
JCG
A complexa diarreia normativa e a supervisão bancária
O Banco de Portugal não só exerce a supervisão sobre o sector bancário português como produz as normas ou traduz e interpreta normas produzidas a montante (União Europeia e Governo Português) que pautam e delimitam o exercício da actividade bancária em Portugal. Pois bem, a produção normativa do BdP é péssima, em quantidade (uma autêntica diarreia) e em qualidade (deficiente clareza na esquematização e até no uso da língua portuguesa, inconsistência, falta de objectividade, ausência de pragmatismo, etc.), aliás reproduzindo todos os (maus) tiques da produção legislativa e normativa nacional, nos diversos domínios, na esteira de uma cultura dominante e dominadora nas faculdades de direito, que entende a geração de complexidade e de falta de clareza nas normas como um factor de sobrevalorização do papel dos juristas. Tudo isto foi brutalmente agravado nos últimos 3 anos, com a introdução de duas inovações radicais na banca: a aplicação das normas internacionais de contabilidade e o acordo de Basileia II. Se estas duas inovações já tinham, por si, complexidade bastante, o BdP, pela forma atabalhoada e deficiente como geriu os processos, adicionou mais complexidade, obrigando os bancos a mobilizar avultados recursos para resolver autênticos quebra-cabeças normativos criados pelo BdP. Tal facto tem duas consequências: a 1ª é a de que mais complexidade gera mais oportunidades para quem quer aldrabar; a 2ª é a de que mesmo aqueles que querem cumprir as normas acabam por, involuntariamente, não o conseguir, num ponto ou noutro.
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