O Banco Espírito Santo (BES) descarta, nesta altura, qualquer hipótese de fusão com o BCP, diz Ricardo Salgado, numa entrevista ao "DN" e "TSF", refutando a ideia de que o BES é um banco do regime.
"Se houvesse uma fusão destas duas instituições, teríamos necessariamente de encerrar balcões e despedir pessoas. Ora, isso é tudo o que não se deve fazer nesta altura", diz Ricardo Salgado, explicando que "não só pela crise, como também pelos encargos que iria levantar, em termos dos fundos de pensões, que hoje já representam um peso considerável para o sistema bancário".
Questionado, directamente, sobre a possibilidade de o BES poder adquirir o BCP, Ricardo Salgado admite que o BCP é o maior banco portugueses em dimensão. O BES é o maior em capitalização. "Mas o BCP já tem uma dimensão muito grande em Portugal. E julgo que foi a dimensão do BCP que o levou a ter de sair para fora das nossas fronteiras".
Por isso, o "BCP hoje tem uma dimensão tal que qualquer fusão com outro banco iria provocar um esforço colossal de racionalização".
Quanto à possibilidade genérica de haver mais concentração no mercado bancário português, Ricardo Salgado diz que "a lógica, quer em termos de viabilidade económica, quer em termos do risco do sector bancário, não aconselha a que haja a partir de uma certa dimensão maiores concentrações. E tem de haver alguma concorrência em Portugal".
Sobre a ideia existente de que o BES é um banco do regime, Ricardo Salgado é peremptório: "o BES é um banco de todos os regimes", lembrando a história de 140 anos. E lembra que "dos talvez dez ministros das Finanças que o País teve [desde as privatizações], cinco entraram ou saíram de outros bancos em Portugal e nenhum para o BES".
Durão Barroso, diz, foi conselheiro do BES e Manuel Pinho foi de facto do grupo.
Por outro lado, para Ricardo Salgado, "os banqueiros são obrigados a ter contactos com o Governo e, também, naturalmente com o primeiro-ministro".
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