O enredo adensa-se desde que ontem se soube que o Dubai quer recalendarizar o pagamento da sua dívida. Esta situação está a abalar a confiança dos investidores que têm procurado os mercados emergentes para obterem retornos mais elevados.
Hoje, as bolsas estão a afundar um pouco por todo o mundo, ao passo que as obrigações disparam, perante o possível “incumprimento” da dívida por parte do Dubai. O dólar, que estava bastante fragilizado, começou a ganhar terreno face a outras moedas mais expostas.
E os números e nomes começam a desfilar na imprensa internacional. HSBC, RBS, Lloyds Banking Group, ING Groep e Crédit Agricole (Calyon) são os bancos europeus com exposição ao Dubai, avança o “The Wall Street Journal”. Já o Crédit Suisse inclui também na lista europeia o alemão Deutsche Bank e o suíço UBS, refere o “Market Watch”. No entanto, o banco alemão já veio dizer que não tem qualquer exposição à Dubai World.
Potenciais perdas de 26,6 mil milhões de euros
Os bancos citados pelo “WSJ” confrontam-se com perdas potenciais de 40 mil milhões de dólares (26,6 mil milhões de euros) devido à sua exposição ao Dubai, depois de a maior empresa estatal daquela cidade-Estado, a Dubai World, ter solicitado aos seus credores uma moratória de seis meses para reembolso da sua dívida. Em causa estão as obrigações da Nakheel PJSC, unidade imobiliária da Dubai World, que vencem a 14 de Dezembro. A empresa está a tentar prorrogar o prazo de pagamento de grande parte desta dívida.
Esta situação está a intensificar os receios de que os recentes sinais de melhorias nos níveis de crédito malparado da banca possam ser travados, salienta o “WSJ”.
A maioria dos bancos referidos por aquele jornal já veio dizer que a sua exposição ao Dubai e à Dubai World não é significativa. Foi o caso do ING. O porta-voz deste banco, Raymond Vermeulen, afirmou – citado pela Bloomberg – que o ING Groep tem uma exposição “negligenciável” à dívida da Dubai World. Outros bancos preferiram não tecer comentários sobre o assunto.
Por outro lado, segundo o “Market Watch”, os analistas do Crédit Suisse estimaram hoje que os bancos europeus que eles cobrem poderão ter uma exposição de cerca de 13 mil milhões de euros ao Dubai. Esses mesmos analistas referiram que uma perda de 50% sobre essa exposição seria equivalente a perto de um aumento de 5% nas provisões para 2010 ou a um “golpe” de cinco mil milhões de euros após impostos para o sector bancário europeu como um todo.
Os analistas do Crédit Suisse chamam contudo a atenção para o facto de estes números serem difíceis de quantificar e sublinham que as exposições diferem de banco para banco. De acordo com a sua nota de análise de hoje, entre alguns dos bancos europeus que operaram nos últimos anos no Dubai estão o Barclays, Deutsche Bank, Royal Bank of Scotland, ING e UBS.
Além dos bancos europeus, o “WSJ” refere outros, como o Bank of Tokyo-Mitsubishi, Sumitomo Mitsui Banking Corporation, Emirates Bank e Mashreq Bank.
Mercados a reagir
Os mercados já começaram a reagir. As bolsas europeias caíram para o nível mais baixo das últimas três semanas e as obrigações dispararam. No mercado cambial, moedas como o forint, real ou libra estão também debaixo de fogo.
Nos mercados accionistas, a banca é um dos sectores que está sob forte pressão, a reflectir os receitos de perdas com os problemas financeiros no Dubai.
Os Credit-Default Swaps (CDS - instrumento financeiro derivado transaccionado em mercado não regulamentado, utilizado pelos participantes no mercado obrigacionista; ou seja, quem aposta nos CDS é um comprador da protecção contra o risco de incumprimento do crédito) vendidos pelo Dubai subiram 131 pontos base, para 571 pontos base, de acordo com os dados da CMA DataVision, citados pela Bloomberg. Trata-se do nível mais elevado desde que começaram a ser negociados em Janeiro.
Estes contratos, que aumentam à medida que a percepção da qualidade do crédito se vai deteriorando, são já mais elevados no Dubai do que na Islândia, refere a Bloomberg.
Por outro lado, o custo de protecção das Obrigações do Tesouro, desde o Qatar até à Arábia Saudita, registou ontem a maior subida desde Junho, depois de a empresa estatal Dubai World, com 59 mil milhões de dólares de passivo, ter solicitado aos seus credores um “acordo de moratória”, salienta a Bloomberg.
Os contratos associados à Arábia Saudita subiram 23 pontos base para 113, ao passo que os do Bahrein dispararam 37 pontos base para 231,5 pontos base. Os do Vietname registaram um incremento de 31 pontos base, os da Indonésia subiram 22 pontos base e os da Rússia aumentaram 19 pontos base.
"Ratings" cortados
Entretanto, as agências de notação de risco Moody’s e Standard & Poor’s cortaram ontem os “ratings” das empresas estatais do Dubai, dizendo que poderão considerar o plano da Dubai World de prorrogação do reembolso da dívida como um incumprimento. Se assim for, este será o maior incumprimento soberano desde a Argentina em 2001.
O Dubai, regido pelo xeque Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, contraiu empréstimos no valor de 80 mil milhões de dólares – 60 mil milhões dos quais são imputados à Dubai World - ao longo de um “boom” de quatro anos no sector da construção que reduziu a sua dependência das receitas provenientes do petróleo e deu origem ao centro turístico e financeiro do Golfo Pérsico.
“O Dubai não está a fazer qualquer favor ao apetite pelo risco e os mercados continuam a revelar um estado de espírito vulnerável”, disse à Bloomberg um estratega da RBC Capital Markets, Russell Jones. “Estamos ainda num clima de vulnerabilidade aos choques financeiros de qualquer espécie e este é um deles”, salientou
Hoje, as bolsas estão a afundar um pouco por todo o mundo, ao passo que as obrigações disparam, perante o possível “incumprimento” da dívida por parte do Dubai. O dólar, que estava bastante fragilizado, começou a ganhar terreno face a outras moedas mais expostas.
E os números e nomes começam a desfilar na imprensa internacional. HSBC, RBS, Lloyds Banking Group, ING Groep e Crédit Agricole (Calyon) são os bancos europeus com exposição ao Dubai, avança o “The Wall Street Journal”. Já o Crédit Suisse inclui também na lista europeia o alemão Deutsche Bank e o suíço UBS, refere o “Market Watch”. No entanto, o banco alemão já veio dizer que não tem qualquer exposição à Dubai World.
Potenciais perdas de 26,6 mil milhões de euros
Os bancos citados pelo “WSJ” confrontam-se com perdas potenciais de 40 mil milhões de dólares (26,6 mil milhões de euros) devido à sua exposição ao Dubai, depois de a maior empresa estatal daquela cidade-Estado, a Dubai World, ter solicitado aos seus credores uma moratória de seis meses para reembolso da sua dívida. Em causa estão as obrigações da Nakheel PJSC, unidade imobiliária da Dubai World, que vencem a 14 de Dezembro. A empresa está a tentar prorrogar o prazo de pagamento de grande parte desta dívida.
Esta situação está a intensificar os receios de que os recentes sinais de melhorias nos níveis de crédito malparado da banca possam ser travados, salienta o “WSJ”.
A maioria dos bancos referidos por aquele jornal já veio dizer que a sua exposição ao Dubai e à Dubai World não é significativa. Foi o caso do ING. O porta-voz deste banco, Raymond Vermeulen, afirmou – citado pela Bloomberg – que o ING Groep tem uma exposição “negligenciável” à dívida da Dubai World. Outros bancos preferiram não tecer comentários sobre o assunto.
Por outro lado, segundo o “Market Watch”, os analistas do Crédit Suisse estimaram hoje que os bancos europeus que eles cobrem poderão ter uma exposição de cerca de 13 mil milhões de euros ao Dubai. Esses mesmos analistas referiram que uma perda de 50% sobre essa exposição seria equivalente a perto de um aumento de 5% nas provisões para 2010 ou a um “golpe” de cinco mil milhões de euros após impostos para o sector bancário europeu como um todo.
Os analistas do Crédit Suisse chamam contudo a atenção para o facto de estes números serem difíceis de quantificar e sublinham que as exposições diferem de banco para banco. De acordo com a sua nota de análise de hoje, entre alguns dos bancos europeus que operaram nos últimos anos no Dubai estão o Barclays, Deutsche Bank, Royal Bank of Scotland, ING e UBS.
Além dos bancos europeus, o “WSJ” refere outros, como o Bank of Tokyo-Mitsubishi, Sumitomo Mitsui Banking Corporation, Emirates Bank e Mashreq Bank.
Mercados a reagir
Os mercados já começaram a reagir. As bolsas europeias caíram para o nível mais baixo das últimas três semanas e as obrigações dispararam. No mercado cambial, moedas como o forint, real ou libra estão também debaixo de fogo.
Nos mercados accionistas, a banca é um dos sectores que está sob forte pressão, a reflectir os receitos de perdas com os problemas financeiros no Dubai.
Os Credit-Default Swaps (CDS - instrumento financeiro derivado transaccionado em mercado não regulamentado, utilizado pelos participantes no mercado obrigacionista; ou seja, quem aposta nos CDS é um comprador da protecção contra o risco de incumprimento do crédito) vendidos pelo Dubai subiram 131 pontos base, para 571 pontos base, de acordo com os dados da CMA DataVision, citados pela Bloomberg. Trata-se do nível mais elevado desde que começaram a ser negociados em Janeiro.
Estes contratos, que aumentam à medida que a percepção da qualidade do crédito se vai deteriorando, são já mais elevados no Dubai do que na Islândia, refere a Bloomberg.
Por outro lado, o custo de protecção das Obrigações do Tesouro, desde o Qatar até à Arábia Saudita, registou ontem a maior subida desde Junho, depois de a empresa estatal Dubai World, com 59 mil milhões de dólares de passivo, ter solicitado aos seus credores um “acordo de moratória”, salienta a Bloomberg.
Os contratos associados à Arábia Saudita subiram 23 pontos base para 113, ao passo que os do Bahrein dispararam 37 pontos base para 231,5 pontos base. Os do Vietname registaram um incremento de 31 pontos base, os da Indonésia subiram 22 pontos base e os da Rússia aumentaram 19 pontos base.
"Ratings" cortados
Entretanto, as agências de notação de risco Moody’s e Standard & Poor’s cortaram ontem os “ratings” das empresas estatais do Dubai, dizendo que poderão considerar o plano da Dubai World de prorrogação do reembolso da dívida como um incumprimento. Se assim for, este será o maior incumprimento soberano desde a Argentina em 2001.
O Dubai, regido pelo xeque Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, contraiu empréstimos no valor de 80 mil milhões de dólares – 60 mil milhões dos quais são imputados à Dubai World - ao longo de um “boom” de quatro anos no sector da construção que reduziu a sua dependência das receitas provenientes do petróleo e deu origem ao centro turístico e financeiro do Golfo Pérsico.
“O Dubai não está a fazer qualquer favor ao apetite pelo risco e os mercados continuam a revelar um estado de espírito vulnerável”, disse à Bloomberg um estratega da RBC Capital Markets, Russell Jones. “Estamos ainda num clima de vulnerabilidade aos choques financeiros de qualquer espécie e este é um deles”, salientou
1 comentário:
A síndroma Dubai
Isto prova que não entendem nada, absolutamente nada de negócios, de economia, de finanças, etc. Apenas sabem roubar. E quando fazem, faziam, uns negócios ficavam imensamente felizes. Convencidos que burlaram os outros, quando na realidade eles foram os verdadeiros burlados. Com estes acontecimentos é tempo de mudar as fraldas ao sistema económico, acabar com os bancos e apear os idiotas dos governos que a coberto da democracia lá se enfiaram.
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