Actualmente, a fatia de leão desta dívida encontra-se junto do próprio BCP, mais de 550 milhões de euros. O restante está distribuído pela Caixa Geral de Depósitos (cerca de 170 milhões de euros), pelo BES (perto de 200 milhões de euros) e uma pequena percentagem pelo Banco Santander Totta (cerca de 40 milhões de euros, tendo o BCP uma garantia de first demand sobre esta).
Mas nem sempre foi assim. Em 2007, a dívida estava repartida entre CGD, BCP e BES na proporção de 400, 300 e 200 milhões de euros, respectivamente. Ou seja, inicialmente a maior fatia da dívida foi assumida pela CGD, liderada por Carlos Santos Ferreira, agora presidente do BCP.
Acontece que a posição de 4,23% que Berardo detém no Millennium Bcp, directa e indirectamente, através de empresas como a Metalgest, a SGPS, a Contrancer, a Bacalhôa, a Kendon Properties e a Fundação Berardo, vale, de acordo com a cotação de ontem no Euronext, pouco mais de 64 milhões de euros, o que está a deixar os bancos nervosos.
Se, de acordo com a carta do Ministério Público relativa ao processo de alegadas irregularidades de gestão no BCP, já se dava conta de que havia reservas quanto às garantias prestadas, as dúvidas são agora ainda maiores. Berardo tem activos, mas já ninguém acredita que sejam suficientes para fazer frente à dívida.
Um dos principais activos, avaliado pela Christie''s em 316 milhões de euros em 2007, é a colecção de arte contemporânea, sobretudo pintura. Mas, de acordo com especialistas, até esta terá desvalorizado, uma vez que a arte contemporânea, pelas suas características, segue as tendências dos restantes mercados. Apenas uma parte da colecção, cerca de 75%, está dada como garantia aos bancos, embora o Estado português tenha uma opção de compra sobre a colecção, que pode exercer até 2016.
Berardo é ainda dono de activos como a Metalgest, a Fundação Berardo, duas fábricas de tabaco, uma na Madeira outra nos Açores, da Bacalhôa Vinhos e da Sogrape, entre outros. E tem participações importantes no Banif, no Banco Popular, onde é um dos principais accionistas privados, na Sonae (2,5%, que estarão penhorados pelo BPI) e na EDP, entre outras.
O que muitos não compreendem, é por que não foi ainda executada a dívida de Joe Berardo ou como é que o empresário continua a ocupar o cargo de presidente da comissão de remunerações e previdências do Millennium Bcp. Há ainda quem estranhe o facto de uma boa parte da dívida, quase 700 milhões de euros, estar na Fundação Berardo, criada em 1988 para apoiar acções no âmbito da educação, das artes e da ciência.
O mais provável é que estas questões venham a ter resposta em breve. Dia 15 de Novembro, a PriceWaterHouse-Coopers e a Ernst & Young entregam o relatório preliminar de avaliação de créditos dos bancos aos 50 maiores investidores nacionais ao abrigo do Memorando.
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