O boato surgiu, de mansinho, por ‘email’ ou por ‘sms’, a falar de ‘dificuldades financeiras’ no BCP. Ao longo das últimas semanas as mensagens foram crescendo de intensidade, entraram nos ‘blogues’ e no ‘facebook’ e chegaram a tanta gente que, na última sexta-feira, atingiram o auge.
Quase todos sabiam, por um amigo ou conhecido, que algo de grave se estava a passar no BCP. O fenómeno que parece ter começado pelo Norte, passando depois pelo Algarve até chegar em força a Lisboa, dava conta de uma intervenção iminente do Estado: uma nacionalização. Mas também havia quem dissesse que a administração do banco se ia demitir em bloco na próxima quarta-feira ou que um conhecido gestor já tinha tirado todo o dinheiro que tinha no banco e a secretária estava a telefonar aos amigos para que fizessem o mesmo.
O cenário traçado era, por isso, quase dantesco e os responsáveis da instituição viam-se impotentes para travar um fenómeno ampliado pelas chamadas redes sociais, com tudo o que dissessem a poder ser usado contra eles. Até as declarações de António Ramalho, administrador do BCP responsável pela tesouraria, de que "o mercado internacional já tomou nota de que o BCP não tem problemas de financiamento" e que o banco já não tinha de fazer mais amortizações até ao final do ano, foram apontadas como um sinal de que algo ia mal no banco. Se assim não fosse, que razões levariam um administrador do BCP a vir dizer que tudo estava bem, perguntavam os profetas da desgraça?
A força e a repercussão dos boatos levaram mesmo o presidente do banco a escrever uma carta aos colaboradores para os tranquilizar. Carlos Santos Ferreira falou num "conjunto de rumores que atentam contra a solidez do Millennium bcp, à semelhança do que ocorreu, como nos lembramos, no último trimestre de 2008". Com efeito, esta situação não é virgem e já atingiu o BCP e outros bancos no passado, sendo depois esvaziada pela realidade. Mas como também já houve problemas em alguns bancos que apanharam clientes e accionistas desprevenidos, casos do BPP e do BPN, muitos podem pensar como os espanhóis: "no creo en brujas, pero que las hay, las hay". Em todo o caso, mesmo para os mais cépticos, valerá a pena esperar pelo resultado dos ‘stress tests' que estão a ser realizados pelo Comité dos Supervisores Bancários Europeus aos bancos dos países do Sul da Europa e cujos resultados serão divulgados no próximo dia 23.
Os responsáveis do BCP têm-se remetido a um prudente silêncio, porque não vale a pena lutar contra inimigos que não se vêem. Mas alguns banqueiros respondem à questão dizendo que as relações interbancárias já são suficientemente poderosas para que nada de mau aconteça, sobretudo a um grande banco. Conhecido é o reporte da situação à CMVM e que uma queixa será apresentada hoje à Procuradoria-Geral da República para que a Polícia Judiciária investigue a origem e os autores dos rumores. Se o movimento for, como se pensa, organizado, essa identificação não será fácil. Para já fica, uma vez mais demonstrado, para o bem e para o mal, o poder das redes sociais.
2 comentários:
(...) «Para já fica, uma vez mais demonstrado, para o bem e para o mal, o poder das redes sociais.»
Não gosto dessas redes sociais, porque acho que foram criadas com um objectivo - o de monitorizar - quem é quem e diz o quê, daí que não as utilize. Por outro lado, não são as redes em si as culpadas da pouca privacidade dos seu utentes, ou dos eventuais boatos que possam nelas ocorrer, até porque boatos sempre os houve, só que corriam mais devagar do que hoje com a facilitação da tecnologia. As pessoas é que são as irresponsáveis culpadas das consequências dos seus actos. De salientar ainda que culpabilizar "redes sociais" é o mesmo que dizer que se deve limitar a liberdade dos indivíduos e na verdade, estamos a um passo de alguém um dia diabolizar a própria INTERNET, pela informação (real ou virtual) que nela passa.
Enfim, haja bom-senso em tudo e acima de tudo que haja responsabilidade e LIBERDADE.
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«Qual é coisa qual é ela que sobe mais de 2% ao dia desenhando um perfeito crescimento parabólico?
Se respondeu prata está errado.
Estou a falar dos juros da dívida pública.»
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«Começou o ataque a Portugal e à Grécia»
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