De acordo com o El País, que teve acesso a um telegrama da Wikileaks, o presidente executivo do BCP, Carlos Santos Ferreira, terá proposto ao Governo norte-americano fornecer informações sobre as actividades financeiras realizadas pelo Irão, a troco de a instituição bancária não sofrer sanções nos Estados Unidos por querer negociar com o regime de Teerão.
"Atendendo a que a disponibilidade demonstrada pelo presidente do Millenium/BCP junto do governo dos Estados Unidos violaria grosseiramente o dever de confidencialidade devido pelas instituições bancárias, podendo configurar crime, ao abrigo das disposições legais em vigor, importa um esclarecimento cabal sobre estes documentos", lê-se num comunicado do deputado bloquista Jorge Costa.
Num requerimento que vai entregar na Assembleia da República, Jorge Costa coloca várias perguntas a que exige resposta, entre as quais se o Banco de Portugal (BdP) teve conhecimento do alegado interesse do BCP em negociar com instituições bancárias do Irão e, assim, "quebrar o dever legal de confidencialidade devido aos seus clientes".
"Em caso afirmativo, que resposta deu o Banco de Portugal às pretensões do BCP?", questiona o Bloco de Esquerda, perguntando ainda se a primeira instituição teve conhecimento de iniciativas semelhantes da parte de outro qualquer banco com sede em Portugal.
O jornal espanhol El País divulgou no domingo vários telegramas da diplomacia norte-americana disponibilizados no site da Wikileaks sobre Portugal. Num dos telegramas é mencionada a disponibilidade do presidente do BCP, Santos Ferreira, para canalizar para Washington informações sobre o sistema financeiro do Irão. Seria, escreve o El Pais, uma moeda de troca para não sofrer penalizações nos Estados Unidos por ter negócios com o regime de Ahmadinejad.
Os telegramas dos diplomatas dos EUA mencionam o alegado conhecimento que o primeiro-ministro português tinha da operação, o que José Sócrates negou pouco depois em comunicado.
De acordo com o diário espanhol, há também telegramas em que se afirma que Portugal permitiu aos Estados Unidos utilizar a base das Lajes, nos Açores, para repatriar detidos de Guantanamo.
Os mesmos documentos mencionam ainda opiniões da diplomacia americana sobre os chefes de Estado e de Governo portugueses, assim como sobre os líderes dos partidos da oposição
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